Brasília – O grupo francês de telecomunicações Vivendi informou ontem que escolheu negociar exclusivamente com a espanhola Telefónica a venda da GVT, sua subsidiária de banda larga e de TV paga no Brasil. A decisão se deveu à elevação da oferta original, superando a proposta apresentada pela rival Telecom Italia. O lance foi movido pelo interesse da Telefónica de unir a provedora brasileira à sua Vivo, líder nacional da telefonia móvel. "A oferta da Telefónica se ajusta melhor aos objetivos estratégicos e financeiros do grupo", disse a Vivendi em nota.
Pelos termos apresentados, a Vivendi receberá 4,66 bilhões de euros (US$ 6,14 bilhões) em dinheiro da Telefónica, uma elevação da parte em dinheiro de uma oferta anterior apresentado pela espanhola para se contrapor à proposta da Telecom Italia. Além do valor em dinheiro, a Telefónica dará à Vivendi participação de 12% na companhia brasileira resultante da fusão, dos quais cerca de um terço pode ser trocado por uma participação de 5,7% na Telecom Italia, caso a Vivendi assim preferir.
No começo de agosto, a Telefónica anunciou proposta de R$ 20,1 bilhões, ou 6,7 bilhões de euros, para comprar a GVT em dinheiro e novas ações da Telefônica Brasil equivalentes a 12% do capital da empresa combinada após a compra da GVT.
A oferta derrotada da Telecom Italia, feita logo a seguir, atribuía à provedora com sede em Curitiba um valor de 7 bilhões de euros, que seriam pagos com 1,7 bilhão de euros em dinheiro, uma participação de 16% na empresa italiana e uma fatia de 15% na empresa brasileira resultante da fusão de TIM Participações e GVT.
A Telecom Italia via na GVT a chance de fortalecar sua operadora brasileira TIM e evitar ser alvo de uma potencial aquisição pela Oi, que planeja repartir a TIM com América Móvil (Claro) e Telefónica (Vivo). Essa seria a última chance para a Oi tentar levar uma fatia da TIM, no caso de fragmentação da operadora. Nesse caso, não haveria sentido para a Telecom Italia buscar unir TIM e GVT.
Se desse certo o lance, eliminaria um concorrente. Na quarta-feira, a Oi complicou ainda mais o cenário ao divulgar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que contratou o banco BTG Pactual para viabilizar uma oferta pela TIM Participações, num esforço para não ficar à margem na consolidação que está se acelerando no setor de telecomunicações no país, um mês antes do leilão de licenças de telefonia móvel de quarta geração (4G). A Telecom Italia reagiu, dizendo desconhecer a possibilidade de a Oi fazer uma oferta para comprar a TIM Participações.
Alternativas
A desaceleração do crescimento do mercado de telefonia móvel no Brasil está forçando os quatro principais competidores a perseguir clientes de televisão por assinatura e de banda larga, nos quais a GVT foi pioneira no Brasil. Essa área já é um grande gerador de receita tanto para Telefónica quanto para Telecom Italia.
Como resultado, a futura configuração do mercado brasileiro de telecomunicações está sendo definida em negociações que estão transcorrendo na Europa, envolvendo multinacionais com sedes na França, na Itália, na Espanha e em Portugal.