Com a recuperação da economia nos Estados Unidos, o mercado norte-americano pode substituir a Argentina para as exportações brasileiras de manufaturados, que deveriam ser o foco principal das políticas industriais e da reforma tributária daqui para a frente. A avaliação é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que participa nesta quarta-feira, 10, do Fórum Nacional organizado no Rio pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.
Coutinho disse que a "adoção de forte viés exportador na política industrial deveria ser consenso". Para isso, o presidente do BNDES defende que a reforma tributária desonere exportações e investimentos. Após o discurso de abertura, perguntado se a estratégia de focar o desenvolvimento da indústria nas exportações não seria ameaçada pela crise argentina, Coutinho respondeu que os Estados Unidos podem substituir o mercado vizinho, pois são importante importador de manufaturados brasileiros.
Além disso, Coutinho destacou o papel do câmbio. Segundo o economista, com a perspectiva de recuperação da economia norte-americana, o dólar deverá se valorizar em todo o mundo, ainda que não amanhã. "Ainda assim, não estou defendendo exportações baseadas em câmbio, mas na eficiência", disse Coutinho. Na abertura, o presidente do BNDES ainda defendeu que, quando exportações petróleo deslancharem, algo garantido, segundo ele, o governo precisa evitar a contaminação do mercado de câmbio. "É preciso segregar receitas de petróleo lá fora num fundo soberano", afirmou.