Os ministros da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, e de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, afirmaram nesta quinta-feira, que a interrupção na queda da desigualdade de renda constatada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a 2013 já foi superada.
Segundo Neri, este ano já registra a maior queda na desigualdade dos últimos 10 anos. Com base na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), feita pelo IBGE, ele disse que a desigualdade tem caído a 0,1 ponto ao mês no índice de Gini em 2014 e a expectativa é que a queda seja de 1,2 ponto.
A Pnad é feita pelo IBGE anualmente e colhe dados referentes a todo o país. A PME é feita mensalmente com dados das regiões metropolitanas de Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife.
Questionado sobre a validade da comparação entre pesquisas com metodologias diferentes, o ministro afirmou que a PME é confiável porque "antecipou todas as quedas de desigualdade no Brasil" e eventos como a crise asiática, na década de 1990. "É um excelente indicador antecedente", disse.
A ministra Tereza Campello, por sua vez, rebateu os dados da Pnad dizendo que "a questão da desigualdade não pode ser medida só pela renda", que é o fator considerado no cálculo do índice de Gini. "Se a gente olhar a desigualdade como acesso a um conjunto de bens e direitos, a desigualdade vem caindo." Ela afirmou que é preciso levar em conta que programas do governo federal, como o Mais Médicos, diminuíram, segundo sua avaliação, a desigualdade no acesso à saúde.
Desigualdade no mesmo nível desde 2011, diz IBGE
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) nesta quinta, a desigualdade parou de cair no país, mantendo-se no mesmo nível desde 2011. A renda do trabalho emendou o nono ano seguido de alta real em 2013,
O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, piorou para 0,498 (quanto mais perto de zero, menor a desigualdade) em 2013, ante 0,496, considerando o rendimento do trabalho. Embora a variação seja pequena, o índice voltou ao patamar de 2011, quando estava em 0,499. Para o IBGE, o quadro é de estagnação. "Não afirmaria que há uma melhora ou uma piora na concentração de renda. Diria que a gente está na mesma condição de 2011", afirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.
Desde 2002, quando estava em 0,561, o Índice de Gini vinha recuando, tanto pelo rendimento do trabalho quanto por todas as formas de renda, mas o processo parou a partir de 2012. Pelo rendimento de todas as fontes, o índice ficou em 0,505, ante 0,504 em 2012 e 0,505 em 2011.