Nivaldo Signorini, de 76 anos, e a mulher, Inêz Signorini, de 71, estavam passeando por Belo Horizonte na tarde de ontem. O casal veio de São José do Rio Preto (SP) para comemorar o aniversário da irmã de Inêz, Helena Almeida, que completou 90 anos na quarta-feira. Os três, que dividiam o mesmo banco enquanto observavam a beleza da Praça da Liberdade, compõem um retrato de um país que envelhece. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a porcentagem da população acima de 60 anos passou de 12,6% em 2012 para 13% em 2013.
“As pessoas estão tendo menos filhos”, observa Helena, que tem três bisnetos e percebe a redução do número de filhos nas gerações de sua própria família. Inêz diz que vive o melhor momento de sua vida, com tempo para fazer atividades físicas e curtir os três netos. Já o marido, Nivaldo, lamenta apenas o valor da aposentadoria, que fica menor com o passar dos anos: “Só não perdi qualidade de vida, pois minhas filhas ajudam pagando o seguro do carro e o plano de saúde”.
Além da tendência de envelhecimento da população, outro destaque da Pnad foi o aumento da proporção de solteiros no país: de 48,2% em 2012 para 49,2% no ano passado. Para o IBGE, a definição de solteiro inclui pessoas que não se casaram legalmente ou que se casaram só no religioso.
A psicóloga Natacha Galante Braz, de 31 anos, faz parte das estatísticas de solteiros. “Ainda não achei a pessoa certa, mas, se encontrar e despertar a vontade de viver junto, posso casar”, afirma. Por causa dos anos de estudo e da profissão, ela é capaz de fazer uma análise crítica do ponto de vista dos solteiros. “O que percebo em um relacionamento é que muitas pessoas se prendem a outras por dependência e comodidade”, afirma.
Natacha entende que muitas pessoas descobriram que é possível ficar bem sozinhas. “O importante é descobrir o que te completa e a outra pessoa vem com um acréscimo”, acredita. A psicóloga relata que sofre pressão da família e dos amigos, mas que lida bem com a situação. Mas lembra que percebe grande quantidade de pessoas, principalmente mulheres, que chegam aos 30 anos e se sentem frustradas por ainda não terem se casado.
A Pnad, divulgada anualmente pelo IBGE, disseca o país em números. Em 2013, a população residente foi estimada em 201,5 milhões de pessoas, 0,9% (1,8 milhão) acima de 2012. As mulheres corresponderam a 51,5% da população. A única região onde os homens tiveram participação maior foi a Norte (50,1%.)
ANALFABETISMO Outro indicador social foi a redução da taxa de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos, que passou de 8,7% para 8,3%. O número havia subido em 2012, e a queda em 2013 afasta o risco de eventual reversão do avanço que estava em curso no país desde o início dos anos 1990. Mais da metade dos analfabetos (53%) do país está no Nordeste, onde 16,6% da população com mais de 15 anos não sabem ler nem escrever
O problema é mais frequente entre pessoas com mais de 60 anos – quase um quarto das pessoas dessa faixa etária (23,9%) são analfabetas. Mas o fenômeno também não foi extinto entre a população mais jovem. Segundo o IBGE, o analfabetismo atinge 4,6% das pessoas entre 30 e 39 anos e 2,3% da população entre 25 e 29 anos.