Uma megaoperação da Polícia Civil do Distrito Federal e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) desarticula, na manhã desta sexta-feira, um grande esquema de desvios de recursos do Serviço Social do Transporte (Sest) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). Sete mulheres que eram diretoras do sistema no período investigado são as principais suspeitas de desviarem, entre 2011 e 2012, R$ 20 milhões. De acordo com as apurações, elas tinham apoio de outras pessoas ligadas ao sistema. São 21 mandados de busca e apreensão, cinco prisões temporárias e 24 conduções coercitivas de suspeitos sendo cumpridos em vários endereços nobres do DF, na sede do Sest/Senat, e em Minas Gerais. Pelo menos quatro prisões já foram efetuadas, incluindo a da principal investigada Maria Tereza da Costa Pantoja. Carros de luxo foram apreendidos.
A ação, intitulada São Cristóvão, é resultado de investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) - do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)- e da Controladoria-Geral da União (CGU). Maria Tereza da Costa Pantoja, foi presa em casa, no Setor de Mansões Dom Bosco. As investigações indicam que em 2012 ela transferiu cerca de R$ 1 milhão das contas do Sest para uma previdência privada no nome dela e movimentou R$ 4,5 milhões de contas bancárias pessoais. Até o ano passado, Maria Pantoja era diretora-executiva do Sest/Senat. Atualmente, é diretora do Instituto de Transporte e Logística da Confederação Nacional do Transporte (ITL/CNT).
As apurações indicam que, só de movimentação imobiliária, Maria participou nos últimos anos da compra de imóveis avaliados em mais de R$ 15 milhões. Os filhos dela, um jovem de 19 anos e uma adolescente de 13, também aparecem como compradores de residências que, juntas, chegam a quase R$ 5,5 milhões.
Além de Maria Pantoja, a polícia identificou que outras seis mulheres, que também exerciam algum cargo de diretoria no sistema, faziam parte do esquema de desvio de recursos. São elas: Ana Cláudia de Macedo Santoro, AnaMary Socha, Andressa Fontenelle Passos, Jardel Martins Soares, Ilmara Amaral Chaves e Aline Ávila Guimarães. O grupo ainda recebia ajuda de pessoas que ganhavam altas quantias para serem trabalhadoras autônomas no Sest/Senat. Tempos depois, essas mesmas pessoas participavam de compras e vendas de carros ou imóveis com as principais suspeitas.
As investigações indicam que os suspeitos mantêm uma vida luxuosa. Moram em mansões e têm carros importados. Além das prisões temporárias, das conduções coercitivas e das buscas e apreensões, a polícia solicitou a indisponibilidade dos bens dos investigados. Duzentos policiais, além de representantes da Gaeco, da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal participam da ação, que tem apoio da Divisão de Operações Especiais (DOE) e da Divisão de Operações Aéreas (DOA).