Sob pressão da Apple, que promete vender milhões de unidades de seu iPhone 6, a Samsung adiantou para esta quarta-feira o lançamento de seu novo smartphone de tela grande, o Galaxy Note, para tentar manter sua condição de líder mundial do mercado.
O Galaxy Note 4, que só seria comercializado em outubro, já estará disponível a partir desta semana na Coreia do Sul e na China, antes de chegar a 140 países nas próximas semanas. A Samsung nunca lançou um novo modelo na China antes de outros mercados.
O grupo sul-coreano não deu explicações sobre o lançamento antecipado, mas a decisão foi tomada depois que a Apple anunciou ter vendido mais de 10 milhões de unidades de seu último smartphone, o iPhone 6, no primeiro fim de semana de seu lançamento, batendo um novo recorde.
Este último modelo é um "phablet", neologismo que designa um dispositivo móvel que é um misto de telefone (phone) e tablet, produto em que a Samsung foi pioneira e que é muito popular na Ásia. O grupo sul-coreano, em suas últimas campanhas publicitárias, sugere que a rival americana se inspirou no seu Note para a sua última criação.
A decisão da Samsung de antecipar seu lançamento coincide também com a entrada no mercado do novo smartphone da canadense Blackberry. O Passport BlackBerry, com uma tela relativamente grande, terá lançamento simultâneo nesta quarta-feira em Dubai, Londres e Toronto, antes de ser comercializado mundialmente nos próximos 15 dias, de acordo com o diretor da companhia, John Chen, em entrevista ao "Wall Street Journal".
A Samsung apresentou também o Galaxy Note 4 Edge, com tela de 5,6 polegadas. Além do formato tradicional, o aparelho tem ainda uma outra tela, na lateral. Essa tela adicional funciona de forma autônoma, recebendo mensagens e com customização própria, com papel de parede independente, por exemplo .
Com seu Galaxy Note 4 -apresentado com grande pompa em Berlim no início do mês- a Samsung moderniza uma linha lançada em 2011 e que seduziu os consumidores asiáticos, felizes por poderem abrir mão da compra de um tablet.
A Samsung consolidou no segundo trimestre sua posição de líder mundial dos smartphones, com 74,3 milhões de unidades vendidas -mais do que o dobro de vendas da Apple-, entretanto sua participação no mercado, de 25,2%, caiu de forma significativa, segundo a empresa de pesquisa de mercado IDC.
"Atravessamos um período difícil" admitiu Lee Don-Joo, diretor de vendas e marketing da divisão móvel do grupo sul-coreano, no lançamento do Galaxy Note em Seul. "Mas esperamos nos recuperar logo com nossas capacidades de inovação tecnológica", disse.
Dez milhões de unidades do Galaxy Note 3 foram vendidas nos dois meses posteriores ao seu lançamento em 2013. A Samsung espera que a versão 4, que custará 930 dólares (714 euros), tenha melhores resultados. Além de sofrer com a concorrência da Apple, a Samsung - que registrou uma queda de aproximadamente 20% dos lucros no segundo semestre- deve enfrentar a concorrência dos fabricantes chineses, que inundam os países emergentes com seus aparelhos mais baratos.
A chinesa Huawei se transformou em pouco tempo no terceiro vendedor mundial de smartphones, com 20,3 milhões de dispositivos no segundo semestre (6,9%, de participação de mercado), de acordo com a IDC. A compatriota Lenovo não fica muito atrás, com 15,8 milhões de unidades vendidas e participação de 5,4%.
A Samsung também anunciou nesta quarta-feira que lançará em outubro a nova versão de seu relógio inteligente Gear S, assim como o capacete VR de realidade virtual, que permite ao usuário ter uma experiência de 360 graus em videogames.