As concessionárias estão na expectativa de recuperação nas vendas de veículos até o fim do ano. E são vários motivos para o ânimo: o 13º salário do trabalhador está chegando, dezembro é o último mês para comprar com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ainda faltam três lotes do Imposto de Renda para serem restituídos, recentemente os bancos reduziram os juros para parcelamento de carro novo e usado e agora começam as promoções que incluem no pacote de benefícios o pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA). O esperado é que os consumidores antecipem suas compras para os próximos três meses e entrem em 2015 de carro novo.
E, diante das facilidades, o cliente ainda vai encontrar novas marcas no mercado, que levaram ao aumento no número de concessionárias no país. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em dezembro do ano passado a rede tinha 7,4 mil unidades, e hoje são 8 mil. O aumento, segundo Flávio Meneghetti, presidente da entidade, está ligado diretamente à vinda de novas marcas de veículos para o Brasil. Para ele, o esperado é que o setor tenha uma recuperação nas vendas até o fim do ano apostando, principalmente, que o IPI retorna ao patamar normal em janeiro. “Seja quem for o próximo presidente da República, o IPI não deve ser prorrogado como em anos anteriores. Temos uma possibilidade de recuperação parcial”, disse.
O último balanço da Fenabrave mostra que a venda de veículos teve queda de 8,52% nos oito primeiros meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado, mas em Minas a queda foi menos acentuada (7,65% no mesmo intervalo). Não por acaso. As concessionárias estão fazendo de tudo para desovar os estoques, oferecendo parcelamentos do valor da entrada em até 10 vezes sem juros no cartão de crédito, taxa zero em financiamentos com até 24 parcelas, além de bônus como emplacamentos e pagamento integral do IPVA. Até agosto, eles conseguiram alavancar até 20% nas vendas de carro zero.
Efeito
Por outro lado, alguns temem que, se as promoções não surtirem o efeito desejado, tenham que fechar estabelecimentos no estado. O diretor da Forlan, Salvino Pires Sobrinho, disse que o aumento considerável da capacidade instalada de produção no país com a chegada de novas marcas forçou as tradicionais fabricantes a reequilibrar os estoques, aprendendo a dividir o mercado. “Estamos numa fase de adaptação que pode durar um, dois, três, quatro anos.”
O diretor da Mila, Antônio João Teixeira, também teme que tenha de fechar unidades para arcar com os custos de operação, se não tiver o retorno esperado. Segundo ele, outro fato ruim da queda nas vendas é a falta de funcionários. Os trabalhadores, principalmente do setor de vendas, têm pedido demissão por causa das quedas nas comissões. “Eles saem e vão para o vizinho”, afirmou. E as vagas, segundo ele, não são preenchidas novamente.
O vice-presidente do Sindicato dos Empregados em Administradoras de Consórcios e Vendedores de Consórcios, Empregados e Vendedores em Concessionárias, Distribuidores de Veículos e Congêneres no Estado de Minas Gerais (Sindcon-MG), Diego Gonçalves, explica que a rotatividade se dá porque os vendedores procuram marcas que sejam mais estáveis.