Embora a União Internacional de Telecomunicações (UIT) periodicamente classifique o Brasil como um dos países com o maior custo do minuto das ligações de celulares, o SindiTelebrasil - que representa as empresas que prestam o serviço do Brasil - apresentou nesta quarta-feira, um estudo da consultoria Teleco que desconstrói os parâmetros utilizados pelo organismo internacional. Para as operadoras, o minuto do celular pré-pago no Brasil é o quarto mais barato do mundo.
"Queremos desmistificar a tese de que é caro falar no Brasil. A UIT considera uma espécie de 'preço-teto' que não é praticado aqui. É como o preço do check-in que está atrás do balcão do hotel, mas que praticamente nunca são os pagos pelos hóspedes que fizeram reservas", argumentou.
Para a UIT, em seu último relatório, o minuto do celular custa US$ 0,74 no Brasil, no modelo pré-pago. Partindo desse preço e considerando que os brasileiros falam em média 133 minutos por mês, a conta média dos consumidores com o serviço seria de R$ 220, ou 30% de um salário mínimo. "Mas todos sabemos que isso não reflete a realidade. É impossível acontecer isso", completou Levy.
Já de acordo com o estudo feito pela Teleco, aplicando o preço real brasileiro à cesta serviços de minutos que a UIT considera em seus relatórios, o preço médio do minuto no Brasil é de US$ 0,24 no serviço pré-pago, ou seja US$ 0,50 inferior ao calculado pelo organismo internacional.
Ainda segundo a Teleco, se for considerada a cesta de minutos média que é utilizada pelos consumidores de 18 países que representam 55% da população mundial e 57% dos celulares do mundo, o custo médio do minuto no Brasil cai para US$ 0,15.
E, por fim, considerando apenas a cesta de minutos média que os brasileiros de fato utilizam, o custo médio do minuto no País é de US$ 0,07, menos que 10% do valor obtido pela UIT. Por isso, o SindiTelebrasil defende que, utilizando-se apenas a realidade brasileira, o custo do minutos de celular no País só não seria menor - dentro dos 18 países considerados pela Teleco - que os praticados por China, Índia e Rússia. "Com esse valor, a conta média do pré-pago no Brasil é menor que R$ 30 por mês. Essa é a nossa realidade", alegou o executivo.
Na lista de países do estudo da Teleco estão, além do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, México, Rússia, China, Índia, Austrália, Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos, Espanha, França, Itália, Portugal e Reino Unido.
Banda larga
A mesma metodologia da Teleco foi aplicada também ao serviço de banda larga móvel, pela modalidade pré-paga com consumo de no mínimo 300 MB. Pelas contas da UIT, o preço médio dessa cesta de internet pré-paga móvel no Brasil é de US$ 35,80. Já no estudo apresentado pelo SindiTelebrasil, esse custo é de apenas US$ 5,30. "Aplicando os preços reais, a banda larga móvel brasileira só não seria mais barata que a indiana", acrescentou Levy.
Na banda larga fixa, com consumo de 1 GB e velocidade superior a 1 Mbps, a cesta da UIT custa US$ 17,80 no Brasil segundo os cálculos do organismo, mas a mesma cesta de serviços custa US$ 13,20 de acordo com as contas da Teleco. Desta forma, apenas Índia e Rússia praticariam preços inferiores aos brasileiros para o serviço.