Sem perder o fôlego, apesar do esfriamento da economia, o setor de seguros vai fechar 2014 firme com a meta de nos próximos anos colocar o Brasil entre os dez primeiros mercados mundiais consumidores da proteção. Seja para não correr riscos com o carro recém-comprado, para garantir o atendimento à saúde ou mesmo para fazer poupança para a previdência ou garantir a lavoura, a sétima economia do mundo ocupa o 12º lugar no ranking mundial do mercado consumidor da proteção, mas mostra potencial para crescer. Em ano de estagnação do Produto Interno Bruto (PIB) o mercado nacional projeta alta de 11% no fechamento do ano. Minas Gerais que tem atraído representantes do mercado nacional e internacional, deve avançar mais, 16%.
Seja para produtos com valores mensais inferiores a R$ 50, como a proteção para residência, ou seguros de grande porte como o rural, o país ainda não desenvolveu seu potencial para cultura da proteção. Mesmo com demanda reprimida e a economia andando de lado, o setor deve arrecadar R$ 324 bilhões, segundo projeção da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Na década de 90, o mercado de seguros representava pouco mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), hoje esse percentual gira próximo a 6%.
Minas Gerais tem atraído para o mercado local a atenção de grandes empresas do setor, que já operavam no mercado local apenas por meio de suas matrizes em outras unidades da federação, mas que agora estão apostando na força do estado com escritórios próprios. O foco é principalmente o mercado corporativo, como a proteção contratada para dar garantias a grandes obras até segmentos de menor porte. Com escritório recém-inaugurado na Capital a JLT Brasil, braço nacional da especialista britânica em contratação de seguros Jardine Lloyd Thompson pretende atingir um crescimento de 20% esse ano. Eduardo Fontes, diretor da corretora em Minas aponta que a vinda da empresa para o estado tem o objetivo de estar mais próximo dos clientes mineiros, mas foi motivado também por números expressivos.
A arrecadação do mercado que envolve os chamados riscos operacionais e nomeados que atendem grandes empresas no segmentos industrial e de serviços oferecendo proteção de patrimônio, aumentou no estado 517% no primeiro semestre de 2014, em comparação com o mesmo período do ano passado. O valor do prêmio direto pulou de R$ 31,6 milhões para R$ 195 milhões este ano. O resultado ajudou a incrementar os números do setor de seguro em Minas Gerais, que ampliou seu volume de arrecadação direta em 20% no primeiro semestre.
A Vis, corretora de seguros e benefício, com sede em São Paulo, também aportou em Minas Gerais. Segundo o presidente, Nicholas Weiser, o objetivo é atuar em Minas com um portifólio amplo, atendendo desde grandes corporações até micro e pequenas empresas com produtos customizados e assessoria especializada de acordo com o perfil de cada cliente.
Segundo o Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais (Sindseg-MG), há uma expectativa de crescimento maior em Minas em relação aos demais estados em todas as carteiras, mais notadamente na modalidade de Seguros de Bens Patrimoniais (com 39% em Minas e 22% no Brasil) e na de seguros de pessoas (com 10% em MG e 5% no Brasil). O crescimento da carteira de seguros de automóveis projetado para 2014 está na faixa de 7% ( tanto em Minas como no Brasil).
Potencial para crescer
Mesmo com as mudanças no cenário econômico brasileiro, o mercado de seguros tem apresentado desempenho positivo e para especialistas as condições ainda são favoráveis para expansão do setor. “ O baixo desemprego contribuiu para a contratação do seguro de pessoas e as empresas continuam usando benefícios como previdência e seguros como ferramenta de retenção de talentos”, observa Solange Beatriz Mendes, diretora executiva da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Outro dado otimista que aponta para um mercado aquecido é que o brasileiro permanece investindo na compra de automóveis e a classe C deseja ter um plano de saúde privado como opção ao sistema público. Diante do forte crescimento do setor nos últimos cinco anos, com taxas acima de 10% ao ano, e projeção para expansão a curto prazo, a Proteste (Associação do Consumidores) aponta que antes de assinar o contrato o consumidor deve ler atentamente e entender sobre a proteção que está contratando.
Uma das modalidades líderes de vendas no país é o seguro para automóveis. Nesse sentido, Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste ressalta que junto com a expansão o setor deve também haver crescimento da informação ao consumidor, bem como melhoria constante no atendimento. “No caso do seguro de automóveis, ainda recebemos reclamações por exemplo, quanto a demora e burocracia para liberar o atendimento ao consumidor”, alerta.
Diante das expectativas de aquecimento do setor, os seguros gerais devem avançar 12,8% no próximo ano, permanecendo o seguro de carro o líder do segmento, com 50% das vendas; 15% deve ser a alta da previdência, com os planos VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) na liderança e avanço dos seguros de vida ligados à viagem, prestamista (para evitar a inadimplência) e funeral. A capitalização deve ter alta de 23% com alta na venda de produtos como aqueles que substituem o fiador em aluguel; 16,7% é a alta estimada na venda de planos de saúde suplementar. (MC)