Os governos europeus deveriam aumentar os gastos com investimentos para auxiliar a economia da zona do euro, afirmou em entrevista o presidente do Banco Central da Áustria, Ewald Nowotny. Para ele, isso seria mais eficiente do que obrigar o Banco Central Europeu (BCE) a comprar grandes quantidades de títulos soberanos para reduzir as taxas de juros.
O presidente do BC austríaco ainda projetou que o euro continuará a se depreciar ante outras moedas, com base na expectativa de que o BCE manterá uma política monetária mais frouxa do que outros bancos centrais. Um euro mais fraco deve ajudar as exportações e limitar os riscos de deflação, avaliou. Nowotny é, também, membro do conselho do BCE.
A zona do euro registrou inflação de 0,3% em setembro, na comparação anual. A meta do BCE é de uma taxa ligeiramente abaixo de 2%. Esse último indicador intensificou as expectativas nos mercados financeiros de que a autoridade monetária terá que recorrer a medidas mais dramáticas de estímulos nos próximos meses para evitar a recessão e a deflação. Em coletiva d imprensa no sábado, o presidente do BCE, Mario Draghi, manteve essa possibilidade em aberto.
As compras de bônus soberanos são uma alternativa, mas Nowotny disse que há opções melhores na Europa. Ele citou uma proposta do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para colocar em prática um programa de investimentos de 300 bilhões de euros. "Se houver uma enorme crise, as coisas podem ser diferentes. Mas na situação atual, eu acho que a discussão desses programas de investimento faz muito mais sentido do que discutir perspectivas de alívio quantitativo", afirmou. Ele ainda pediu paciência para permitir que os estímulos já anunciados pelo BCE mostrem seus efeitos sobre a economia.
As perspectivas para a economia global, e particularmente a zona do euro, dominaram os encontros promovidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) durante esse fim de semana. Para o presidente do BC da Áustria, os resultados dos testes de estresse dos bancos e a revisão dos balanços devem aliviar as preocupações sobre os bancos europeus e estimular novos empréstimos. "Nós não devemos dramatizar em excesso; isso vale especialmente para a zona do euro", afirmou, sobre as preocupações com o crescimento. Fonte: Dow Jones Newswires.