Brasília – Apesar de o número de passageiros que viajam de avião ter aumentado em 2013, alcançando o recorde de 109 milhões de pagantes, a oferta de voos caiu 2,9% no ano passado em relação a 2012. Isso significa que as aeronaves estão voando lotadas. Para o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys, essa foi a saída encontrada pelas companhias aéreas para driblar o aumento dos custos com combustível —querosene de aviação — e a valorização da dólar, dois movimentos que elevaram as despesas da operação no país.
A Anac divulgou ontem o Anuário do Transporte Aéreo 2013, contendo o balanço geral das atividades do setor, e lançou o Inventário de Emissão de Gases na Aviação Civil, para controlar o nível de poluição provocada pelas aeronaves. Presente no evento, o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, afirmou que os números do setor são expressivos, mas culpou a elevada alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide na compra do combustível de aviação pela queda na oferta de voos. Em São Paulo, por exemplo, o tributo de competência estadual incide na proporção de 25%. “O Distrito Federal reduziu o tributo para 12% e o Aeroporto de Brasília já é o segundo em movimentação do país”, disse o ministro.
O presidente da Anac ressaltou que o Brasil já dispõe de mais de 1 milhão de voos ao ano desde 2011. “Os recordes em número de passageiros têm sido sucessivos”, destacou. Em 2013, dos 109 milhões de clientes das companhias aéreas — outros 2 milhões de passageiros voaram de graça —, 90 milhões optaram por voos domésticos e 19 milhões pelas rotas internacionais. O crescimento sobre 2012 no mercado doméstico foi de 1,1%, o menor desde 2010. Para 2014, a expectativa é de um crescimento de 6%.
O presidente da Anac destacou a evolução do setor em 10 anos, cuja taxa de participação em 2004 era de 17 passageiros para cada 100 pessoas. Em 2013, houve um salto para 45,5 em 100, expansão de 156% no período. “Há 10 anos, para distâncias superiores a 75 quilômetros, 69% dos passageiros usavam transporte rodoviário, ante 31% áereo. Essa relação se inverteu”, comemorou. Hoje, 60% das pessoas viajam de avião e 40% pelas rodovias.
A tarifa média também caiu em 10 anos. Em 2004, estava acima de R$ 633. No ano passado, ficou em R$ 326. Há 10 anos, só 14% dos tíquetes custavam menos de R$ 300. Agora, 59% estão abaixo desse patamar. “Nos últimos três anos, tivemos um impacto negativo muito grande no preço do combustível e na taxa de câmbio. Mas as empresas aumentaram a taxa de ocupação, dando mais eficiência ao setor para compensar os custos maiores”, analisou Marcelo Guaranys.