A MMX, mineradora de Eike Batista, entrou com pedido de recuperação judicial na Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte, na 1ª Vara Empresarial, no fim da tarde desta quinta-feira. A mineradora já havia divulgado a decisão em comunicado ao mercado na quarta-feira. É a terceira empresa do antigo império X a pedir proteção para reorganizar o passivo, seguindo os passos da petroleira OGX e do estaleiro OSX.
A companhia tentou costurar a venda de ativos para evitar a medida, mas a combinação da queda livre do preço do minério de ferro e embargos ambientais tornaram a decisão inadiável. O pedido foi feito pela MMX Sudeste Mineração, subsidiária sob a qual fica a Unidade de Serra Azul, em Minas, onde estão as minas Tico-Tico e Ipê. A dívida sujeita à recuperação é de R$ 370 milhões, o que inclui serviços já executados por fornecedores.
A MMX Mineração Metálicos S.A., controlada por Eike e que engloba todos os ativos do grupo, fica de fora, assim como uma parte da dívida, ainda em discussão. Ao final do primeiro trimestre, a holding tinha uma dívida de R$ 966 milhões, dos quais R$ 718 milhões com fornecedores.
A situação crítica levou a MMX a demitir nos últimos dias 200 dos 420 trabalhadores do setor operacional do complexo de minas de Serra Azul, de acordo com o sindicato Metabase de Brumadinho (MG). Ao todo, são 550 funcionários na unidade, considerando também o pessoal ligado à manutenção e setor administrativo. A MMX não comenta as demissões.
O sindicato quer o cancelamento das demissões e no dia 21 terá uma reunião na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas para tratar do caso. De acordo com o presidente do sindicato, Agostinho José de Sales, a companhia irá reduzir de quatro para dois o número de turnos, todos de seis horas, nas minas da região. "Temos a informação de que a MMX não tem caixa para manter os funcionários e as demissões podem aumentar nos próximos dias", afirmou.
A unidade de produção de minério de ferro está com suas atividades suspensas desde setembro. Na segunda-feira, a MMX informou que manterá a paralisação por tempo indeterminado "a fim de otimizar recursos e adequar custos frente ao cenário de reposicionamento estratégico em que a companhia se encontra".
Os problemas operacionais da MMX começaram em fevereiro, quando a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) embargou a mina Tico-Tico, uma das unidades que formam o projeto Serra Azul. O órgão alega que a mineração no local tem danificado cavernas de relevância ambiental da área.
A empresa esperava reverter o embargo e voltar a operar em Serra Azul no início do mês. No entanto, a Semad só dará o sinal verde à operação depois que estudos para adequação da área de proteção forem analisados. A MMX entregou a documentação na semana passada, mas a secretaria pediu mais informações.
Com Agência Estado