As incertezas sobre o quadro eleitoral levaram a Bolsa de São Paulo a mais um dia de fortes perdas, ontem. Em apenas 15 minutos de pregão, o Ibovespa, índice que acompanha as ações das principais empresas negociadas no pregão paulista, já havia caído 2,13%, aos 51,2 mil pontos. Ao fim do dia, o indicador perdeu mais pontos, até fechar o pregão em queda de 3,24%, aos 50.713. Em apenas quatro dias, as perdas já chegam a 9%.
A avaliação dos investidores é que a possível reeleição da petista poderá levar a uma piora do crescimento econômico e uma escalada ainda maior do custo de vida, que, em setembro, rompeu pela quarta vez no ano o teto da meta de inflação, e cravou alta de 6,51%.
Diante do quadro de aversão a riscos, a ordem foi se desfazer de ativos no país e buscar proteção no dólar. A debandada do mercado financeiro elevou a procura pela moeda norte-americana, que encerrou o dia cotada a R$ 2,513 para compra, com alta de 1,48%. A última vez que o dólar esteve tão caro havia sido em 4 de dezembro de 2008.
Ainda pior do que o número em si, dizem os analistas, é o movimento de instabilidade do câmbio. Há a penas um mês a divisa dos EUA era cotada em R$ 2,40. “Hoje está 2,51, e pode continuar subindo amanhã (hoje), já que nada leva a crer que, em apenas um dia, haverá uma reversão desse mau humor generalizado com o quadro político”, disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Um levantamento encomendado pela XP Investimentos, feito com analistas de bancos e corretoras, mostra que, no caso da vitória de Dilma Rousseff (PT), a maioria acredita que o Ibovespa cairia até 40.000 pontos. Por outro lado, os especialistas pesquisados, apostam que com Aécio Neves (PSDB) presidente, o Ibovespa subiria para níveis entre 60.000 e 70.000 pontos, conforme acreditam 70% dos analistas entrevistados pela XP Investimentos.
DESEMPREGO Alheia aos mercados, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte atingiu 3,8% em setembro ante 4,2% em agosto, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destaque para o setor da construção, que registrou queda de 10,7%, e da indústria, com recuo de 2,3%. Foram menos 26 mil e 9 mil vagas, respectivamente. A taxa registrada na capital mineira é menor do que a média registrada nas seis regiões pesquisadas, 4,9%, e a segunda menor do país, atrás apenas do Rio de Janeiro, que fechou setembro em 3,4%.
Para o analista do IBGE em Minas, Antônio Braz de Oliveira, o mercado não tem gerado novas vagas, no entanto, as taxas se mantêm estáveis porque muitas pessoas estão saindo do mercado. Ele explica que as pessoas que deixaram seus empregos não estão procurando novas ocupações e têm se dedicado a outras tarefas. “Muitas vagas estão sendo fechadas, mas a maioria das pessoas que entrou no mercado de trabalho em 2012, quando estava aquecido, estão deixando de procurar emprego, mantendo a estabilidade das taxas”, afirma. Por posição na ocupação, ainda na comparação anual, houve aumento de 10 mil entre os trabalhadores por conta própria. (Com Francelle Marzano)