O consumidor paulistano segue gastando menos para abastecer o carro com etanol em comparação com a gasolina. De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a relação entre o preço do álcool combustível e o da gasolina atingiu 63,75% na terceira semana de outubro. Esta marca, para tal período, não era alcançada desde 2009, quando ficou em 62,43%, informou nesta terça-feira, 28, André Chagas, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo. Na segunda medição de outubro deste ano, esta equivalência era de 65,31%.
"A oferta aumentou e houve recuo de 1,22% do etanol na terceira quadrissemana. É possível que continue registrando novas quedas. Como a gasolina tem adição de etanol, o preço deste combustível também deve ceder", avaliou. Enquanto o preço do álcool combustível caiu 1,22% na terceira quadrissemana do mês (últimos 30 dias terminados no dia 22), o da gasolina teve declínio de 0,44% no período. O movimento decorre em função do comportamento pouco atrativo dos preços do açúcar no mercado internacional, o que tem feito o produtor optar pela produção de etanol.
O economista ressalta que ainda há incerteza sobre como a relação entre o álcool combustível irá se comportar nos próximos meses, pois não se sabe ao certo se o governo irá reajustar o valor dos combustíveis este ano. No entanto, se o aumento for confirmado, o etanol tende a seguir vantajoso. "Com a queda do petróleo, houve um pequeno alívio na diferença entre o preço comercializado no Brasil com o do exterior. Mas como o ministro da Fazenda (Guido Mantega) afirmou antes da eleição, dizendo que todo ano tem alta da gasolina, é possível que tenha algum aumento nas próximas semanas", estimou.
Segundo ele, com os preços da commodity em baixa no mercado internacional, pode ser que nem haja necessidade de aumento dos preços no Brasil. "Se isso ocorrer, deve ter espaço a recomposição da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), mas, para o consumidor, não muda nada, não há alívio", disse, explicando que, se isso acontecer, em vez de o "reajuste" ir para o caixa da Petrobras vai para o Tesouro Nacional, o que daria "algum alívio" nas contas públicas.
Na visão de Chagas, se o aumento dos combustíveis for concretizado este ano, deve ser um reajuste combinado entre a Petrobras e o Ministério da Fazenda, na tentativa de dosar a alta para que não comprometa o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que já está elevado e rodando acima do teto da meta de 6,50%. "Seria um nível que não comprometesse o rompimento da meta. Acredito que vão esperar o IPCA fechado de outubro para tomar uma decisão", avaliou.