Além dos impostos elevados e da falta de infraestrutura, o que aflige a indústria automobilística atualmente é um possível racionamento de energia elétrica no próximo ano. Em Estados como São Paulo e Rio essa preocupação se estende também para o abastecimento de água.
"Não temos certeza de que vamos ter energia suficiente no próximo ano", afirma François Dossa, presidente da Nissan. Além da escassez, diz ele, "tem o problema da falta de qualidade da energia".
O executivo relata que tem sido constantes picos de queda da frequência no fornecimento da energia na fábrica de Resende (RJ), inaugurada no início do ano. "O problema é maior com a linha de pintura, pois quando isso ocorre temos de parar o processo e refazer toda a pintura dos carros que estão na linha; isso gera custos extras."
Dossa teme ainda que a disputa entre os governos de São Paulo e Rio pelas águas da Bacia do Rio Paraíba do Sul também possa impactar a produção. "É uma ameaça", diz.
O presidente da PSA Peugeot Citröen, Carlos Gomes, é outro que reclama de problemas com a frequência do fornecimento de energia na fábrica do grupo em Porto Real (RJ). "Tem sido um problema", afirma.
A Honda inicia em novembro as operações de um parque eólico na cidade de Xangri-Lá (RS), que fornecerá 100% da energia da fábrica do grupo em Sumaré (SP).
Segundo Roberto Akiyama, vice-presidente da Honda, o projeto faz parte de um programa mundial do grupo de reduzir os níveis de emissão de poluentes. A Volkswagen, que tem duas pequenas centrais hidrelétricas (PCH), está conseguindo gerar 40% em energia para as fábricas do grupo.