O grupo Três Corações vai erguer uma fábrica de cápsulas de café em Montes Claros, no Norte de Minas. A empresa inicia a construção no primeiro trimestre do ano que vem, o que contribuirá para reduzir significativamente o custo logístico do produto. Ao todo, serão investidos R$ 45 milhões na primeira etapa do projeto, sendo produzidas, a partir de 2016, 10 milhões de cápsulas por mês. Outros R$ 45 milhões estão previstos para ser investidos em seguida para dobrar a capacidade instalada caso a demanda continue em alta.
A decisão de investir na planta nacional está relacionada à forte demanda pelo produto voltado para as classes A e B. Neste ano, segundo o presidente da Tres, Pedro Lima, a meta era comercializar 100 mil máquinas de café espresso, mas até agosto a marca já havia sido superada. A expectativa é de que a empresa encerre o ano com 150 mil unidades vendidas no Brasil, além de 15 milhões de cápsulas. A aceitação da máquina, segundo o grupo, está ligada à possibilidade de se fazer café filtrado e espresso, além de café com leite, chocolate quente, cappuccinos e chás. Segundo a empresa, as marcas Dolce Gusto e Nespresso, juntas, têm 60% do mercado, enquanto a Tres, do grupo Três Corações, tem fatia de 22%.
Outro fator importante para o investimento é que, atualmente, a empresa processa o café em Santa Luzia, encaminha o produto para a Itália, onde é colocado nas cápsulas, para, por último, retornar ao Brasil. O mesmo acontece com o chá, originário do Sri Lanka e da Índia. Com a planta, todo o processo será feito em território mineiro para ser distribuído para os demais estados. “Reduz bem o nosso custo e permite um aumento de margem”, afirma Lima. A unidade ficará ao lado do centro de distribuição de Montes Claros, localidade considerada estratégica para que a distribuição seja ágil para as cinco regiões do país.
MARCA
Em busca de fortalecer a marca do café mineiro, a Três Corações irá adquirir parte das sacas de café vencedoras do 2º Prêmio do Cerrado Mineiro, disputado hoje em Uberlândia. A partir do produto, será desenvolvido um blend limitado. A aposta é que o cerrado mineiro é a primeira região do país a receber a certificação de denominação de origem. “A proposta é cada vez mais posicionar o café brasileiro como um café de qualidade mundial. A Colômbia fez muito marketing sobre o produto”, afirma Lima. Nos próximos dois anos, a empresa prevê investir R$ 100 milhões em marketing das máquinas, tendo o renomado chef Alex Atala como garoto-propaganda da marca.
Além do investimento na fábrica de cápsulas, a Três Corações já iniciou a conversação com empresas interessadas em fabricar as máquinas de café no Brasil. Hoje, elas são feitas na China com a bomba produzida na Suíça. “É possível. Até já conversamos com algumas empresas. Mas não vejo horizonte em curto prazo”, afirma Lima.