O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse nesta quinta-feira, que a elevação inesperada da Selic nesta quarta-feira, para 11,25% ao ano, tem impacto sobre as demais taxas de juros, mas que é difícil estimar em quanto tempo isso se dará porque depende das demais condições da economia. "Claro, o efeito de uma elevação da Selic sobre as taxas ativas é de elevação", considerou.
Ele voltou a dizer que o crédito deve seguir crescendo em ritmo moderado. Há sazonalidade no final do ano, com diminuição da demanda por causa do pagamento do 13º salário. Maciel disse que não falaria sobre uma nova projeção de crescimento do crédito este ano, estimada atualmente em 12%, porque as revisões são realizadas apenas a cada três meses - a próxima, portanto, será apenas em dezembro.
Maciel comentou que as taxas de juros para pessoas físicas dentro do segmento de recursos livres tem oscilado em torno da taxa observada nos últimos meses, de 43%. "As taxas cresceram no ano passado e chegaram a esse patamar depois da interrupção de alta da Selic", disse, citando o mês de abril de 2014.
O técnico se esquivou de falar sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem de elevar a Selic. "Não vou comentar decisão de política monetária." Ele fez questão de enfatizar, porém, que não há contradição entre as medidas regulatórias divulgadas pela instituição em julho e agosto no âmbito do compulsório alguns meses antes apenas de elevar a taxa básica da economia. "São coisas distintas", afirmou. As medidas adotadas lá atrás, segundo ele, não tinham como objetivo estimular o crédito. "Eram de caráter regulatório, portanto, não foi contraditório", argumentou.
Maciel disse, porém, que as medidas voltadas para o crédito de automóveis têm impacto "já esperado" e que ocorrem de forma gradual e defasada em alguns meses, como foi visto nos últimos dois. "Difícil dizer se isso vai persistir", disse.