(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Novo ministro da Fazenda terá que conter a inflação e retomar o crescimento do país

Substituto de Mantega, que será definido após a reunião do G-20 no fim do mês, terá de colocar em prática medidas para conter a inflação e retomar o crescimento do país


postado em 06/11/2014 06:00 / atualizado em 06/11/2014 07:34


Brasília – A pessoa que substituirá Guido Mantega no comando da economia, a partir de 2015, enfrentará um verdadeiro teste de fogo. Tão logo seja empossado no cargo, o novo ministro da Fazenda terá de colocar em prática uma série de medidas impopulares que há muito foram deixadas de lado, e das quais a presidente Dilma Rousseff se esquivou durante a campanha eleitoral. Mas, com a economia definhando, os investimentos no chão, a inflação elevada e a ameaça de que o país seja rebaixado por uma das três principais agências de classificação de risco, os ajustes se tornaram inevitáveis. Ontem, Dilma declarou que só anunciará o nome do novo ministro quando voltar da viagem que fará com Mantega à Austrália, daqui a duas semanas, para acompanhar a reunião do G-20.

A situação do país é preocupante, dizem especialistas. “Não há perspectiva de retomada do crescimento no curto prazo em virtude do alto endividamento das famílias, da alta de juros, da inflação em disparada, dos preços das commodities em queda e do nível elevado dos estoques na indústria, que sinalizam para uma situação de quase paralisia da economia”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rosgtano. “Não há dúvidas de que, qualquer que seja o escolhido para comandar a Fazenda nos próximos quatro anos, ele enfrentará uma verdadeira pedreira pela frente”, assinalou o economista.

Seja quem for o escolhido por Dilma, já se sabe que este não terá vida fácil, a começar pela disposição do PT em dar as cartas no governo. “O partido deve buscar participar ativamente das decisões acerca das primeiras medidas do segundo mandato, em particular sugerir medidas claras no debate sobre a política econômica”, cravou trecho da resolução aprovada pela sigla na primeira reunião após a reeleição de Dilma, realizada esta semana.

O substituto de Mantega no comando da pasta também terá de conviver com a sombra de Aloizio Mercadante, de quem o protagonismo na reta final da campanha petista quase rendeu uma troca da Casa Civil, da qual é ministro-chefe, para a Fazenda, para ditar os rumos da economia. Mercadante só não foi efetivado no cargo porque o ex-presidente Lula teria aconselhado Dilma a indicar um nome com mais “aceitação” no mercado financeiro.

É justamente por isso que, após quase dois meses de especulação, apenas dois nomes ainda aparecem com fôlego na reta final da disputa. Ambos, porém, com pouca ou nenhuma afeição tanto por Dilma, quanto pelo PT. Nesse quesito, quem leva vantagem, ainda que pequena, é o economista Nelson Barbosa, ex-secretário executivo do órgão, que entregou o cargo no ano passado após se desentender com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, que, além de amigo pessoal da presidente Dilma, é tido com nome certo no segundo mandato, talvez com ainda mais poderes dos que já teve nos últimos quatro anos.

Barbosa tentou recentemente aproximar-se do ex-presidente Lula na tentativa de conseguir a bênção à sua candidatura ao cargo. Esbarrou, no entanto, na preferência do petista por outro nome, o de Henrique Meirelles, que comandou o Banco Central nos oito anos do governo Lula. Seja qual for a decisão da presidente Dilma, é certo que o escolhido para a Fazenda terá ainda menos apoio do que teve o atual titular, Guido Mantega, que sempre foi um fiel depositário tanto dos ideias do PT, quanto de Dilma.

CREDIBILIDADE

Entre economistas do mercado financeiro, políticos de oposição e da base aliada no Congresso, além de técnicos do governo, a medida tida como mais urgente é colocar em prática um amplo e crível ajuste nas contas públicas, o que significa fechar a torneira para gastos públicos de todo tipo, e promover o temido arrocho.

Tudo em nome de um bem considerado maior, a capacidade do país em equilibrar as contas públicas e, com isso, evitar a perda do grau de investimento. “Não só o próximo ministro da Fazenda mas também a presidente Dilma têm que dar provas concretas de que tomarão providências para tirar o país da situação atual”, disse o economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas e pós-doutor em economia pela Universidade de Yale, nos EUA. “Se eles não forem firmes o suficiente, há um risco real do rebaixamento já nos primeiros meses do segundo mandato”, sentenciou.

Para atingir esse bem, dizem os entrevistados, será necessário barrar reajustes salariais de servidores, elevar impostos e cortar verbas de emendas parlamentares, o que tende a elevar as tensões no Congresso e azedar ainda mais as relações da presidente Dilma Rousseff com os partidos da base aliada, entre os quais o PMDB do vice-presidente Michel Temer, que já veio rachado após as eleições e que ameaça engrossar os ataques ao governo, em 2015.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)