A Petrobras informou ao mercado na noite de ontem que vai adiar a divulgação das demonstrações financeiras do terceiro trimestre alegando necessidade de aprofundar a investigação sobre denúncias de corrupção e fazer possíveis ajustes no documento. A PricewaterhouseCoopers (PwC) não teria assinado o balanço, como é exigido por Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A PwC audita os da estatal desde 2012.
A companhia agora prevê apresentar os documentos em 12 de dezembro, mesmo sem o aval da PwC. Como o prazo previsto para a divulgação era hoje, a Petrobras ficará sujeita a multa de R$ 500 por dia pelo atraso. No comunicado à CVM, a Petrobras disse que “passa momento único em sua história” devido à Operação Lava a Jato, que investiga esquema de corrupção na empresa.
Em outubro, a PwC reuniu-se com o conselho de auditoria da Petrobras e entregou carta em que exigia da estatal o aprofundamento das investigações sobre as denúncias de corrupção, e manifestou preocupação específica com o então presidente da Transpetro, Sérgio Machado. A auditoria afirmava no documento que, caso não fosse atendida, não assinaria as demonstrações financeiras da empresa.
Companhias registradas na CVM são obrigadas a terem seus balanços auditados. A auditoria verifica se as informações atendem as normas contábeis. Depois da exigência da PwC, a Petrobras contratou dois escritórios de advocacia para auxiliar as investigações de comissão interna que apura as denúncias, nos Estados Unidos e outro no Brasil. Em seguida, a estatal negociou o afastamento de Machado da Transpetro. A lei americana também exige providências da empresa de auditoria em caso de irregularidades comprovadas nas empresas. Procurada, a PwC disse que, “conforme as cláusulas de confidencialidade de nossos contratos, e às próprias normas profissionais aplicáveis, estamos impedidos de dar qualquer informação a respeito de clientes.”