Após a surpresa negativa com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do mês de outubro, a Gradual Investimentos revisou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 de alta de 0,3% para zero, segundo o economista-chefe da Gradual, André Perfeito.
O saldo líquido de empregos formais gerados no mês passado ficou negativo em 30.283, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). É a primeira vez, em meses de outubro, que o Brasil demite mais do que emprega, segundo dados da série histórica, que começa em 1999. "Ninguém esperava esse resultado, mas ele confirma a perspectiva de uma desaceleração da atividade no fim do ano", disse Perfeito.
Ele acredita que as demissões no agronegócio podem estar relacionadas à instabilidade do clima, que está provocando problemas em safras no sul do país, por exemplo. Em outubro, o setor foi um dos principais responsáveis pelo desempenho negativo do Caged, ao fechar 19.624 mil vagas. Só não foi pior do que a construção civil, que encerrou 33.556 postos de trabalho.
O economista também avalia que a resistência do emprego no setor de serviços (que abriu 2.433 vagas) mostra que a inflação pode ter dificuldade em reagir à alta da Selic. "Com as demissões, os salários devem deixar de subir, só que serviços, que impacta demais a inflação, continua contratando. Fica claro que por enquanto o reflexo maior do aumento da taxa de juros está em outros setores", afirmou.