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Estado de Minas

Estiagem derruba lucro da Cemig

Estatal fechou terceiro trimestre com ganho de R$ 29 milhões, 96% menos que os R$ 789 milhões do mesmo período de 2013


postado em 15/11/2014 06:00 / atualizado em 15/11/2014 07:28

A estiagem prolongada no Sudeste fez o lucro líquido da Companhia Energética do Estado de Minas Gerais (Cemig) cair 96% no terceiro trimestre. O resultado econômico do período mostra que a estatal fechou o período com lucro de R$ 29 milhões, enquanto de julho a setembro do ano passado o resultado foi de R$ 789 milhões. A baixa nos reservatórios, que tem limitado a geração a menos de 40% da capacidade instalada, força a companhia a buscar o mercado de curto prazo para garantir os contratos.

“Os resultados foram profundamente afetados pela conjuntura energética do país”, afirma o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, que, para o próximo ano, vislumbra um cenário similar ao de 2014, mas “talvez agravado pelo nível dos reservatórios”. Cauteloso, ele diz preferir não arriscar qual será o reajuste da conta de luz para os consumidores mineiros em razão do uso das termelétricas. Ele diz que os ajustes deveriam ser altos, mas outras decisões políticas podem recompor. “Eu não arrisco”, diz. Mas sabe que as térmicas serão mantidas em operação para a recomposição dos reservatórios, o que significa a continuidade dos altos custos para a geração. “É preciso pedir a São Pedro para ajudar. Quanto mais água acumular, menos sofrimento em 2015”, afirma Rolla.

Com a estiagem prolongada que assola a Região Sudeste, a Cemig gerou muito menos energia do que a sua capacidade instalada. A empresa estatal tem possibilidade de produzir até 7,4 mil megawatts (MW), mas, devido ao baixo nível dos reservatórios, tem gerado apenas 2,9 mil MW – 39,18% do total. Em Três Marias, por exemplo, das seis turbinas, somente uma continua em operação, o que faz com que a produção seja de 36MW em vez dos 396MW possíveis. A represa está com 2,5% do volume total. Outras usinas, como a de Aimorés, tiveram que ser desligadas temporariamente, tendo sido religadas nas últimas semanas. A sequência de chuvas dos últimos dias, no entanto, afastou por enquanto o risco de desligamento de outras unidades.

Compra
Diante de tal cenário, as despesas operacionais tiveram forte salto em setembro. Em comparação com o mesmo mês do ano passado a evolução é de 23%, tendo passado de R$ 7,9 bilhões para R$ 9,75 bilhões. A cifra é sustentada basicamente pela alta da energia comprada – R$ 1,55 bilhão superior de setembro do ano passado. No trimestre, a alta percentual é de 22%. No terceiro trimestre do ano passado, era de R$ 2,79 bilhões, enquanto neste ano subiu para R$ 3,42 bilhões. Os demais indicadores tiveram oscilações menores.

Apesar da forte queda do lucro líquido, a receita líquida da Cemig teve alta de 25% em setembro, passando de R$ 10,66 bilhões para R$ 13,33 bilhões no comparativo anualizado. O resultado está ligado ao aumento da rede de clientes do braço de distribuição da estatal, que, com alta de 3,8%, supera 8 milhões de clientes. A Cemig Geração e Transmissão também cresceu 21,4% em setembro.

Reservatórios em níveis mais baixos
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou ontem previsão de que os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste devem ficar abaixo de 15% até o fim de novembro. Elas concentram 70% da capacidade de geração de energia no país. O órgão se baseou na previsão de chuvas até o fim do mês: antes, esperava entrada de água nas represas correspondente a 74% da média história e, agora, espera 66%.

 


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