A Black Friday está aí, com produtos e preços tentadores ao consumidor. É uma boa oportunidade para fazer as compras de fim de ano sem gastar muito e ainda usar o 13º salário sem que seja preciso parcelar ou deixar o pagamento para depois. A data, tão conhecida no e-commerce brasileiro e tradicional nos Estados Unidos, invadiu este ano as lojas físicas e a expectativa dos lojistas é renovar os estoques e aquecer o comércio para o Natal. Para especialistas, é importante que o consumidor faça o cálculo de acordo com seu orçamento e planeje a compra, evitando gastar mais do que realmente pode e precisa.
De acordo com o coordenador do Procon Assembleia de Minas Gerais, Marcelo Barbosa, o consumidor deve se certificar primeiro da necessidade da compra, principalmente se estiver endividado. “O brasileiro não está com dinheiro sobrando para investir na data. A tentação das promoções não pode comprometer o orçamento, especialmente no fim do ano. É preciso verificar se há dinheiro sobrando e se é mesmo preciso comprar o produto”, ressalta. Segundo ele, se optar pelas lojas on-line, é importante guardar um comprovante da compra para se certificar da entrega.
A coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolci, também ressalta que o consumidor deve verificar se a compra não vai comprometer a saúde financeira. “A data coincide com o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário ao brasileiro, no entanto, o consumidor deve priorizar a quitação das dívidas, se houver. Caso sobre alguma quantia, pode-se aproveitar os descontos oferecidos pelo comércio”, salienta.
Ainda é importante que o consumidor fique atento às armadilhas e identifique produtos que realmente estão em oferta. O advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Christian Printes, lembra que não é raro estabelecimentos que aproveitam o chamariz da liquidação para anunciar itens com preços semelhantes aos verificados antes do período ou que tiveram o preço elevado pouco tempo antes para simular um desconto maior. “Essa prática pode ser considerada publicidade enganosa e o estabelecimento que a adotar pode ser penalizado”, explica.
Maria Inês Dolci atenta para que o consumidor defina o produto que vai comprar na sexta-feira e recomenda que não compre sem realizar a pesquisa prévia dos preços. “Pesquise preço em pelo menos três locais. É preciso saber se a compra realmente vale a pena e se os descontos são reais.”
O superintendente do SerasaConsumidor, Júlio Leandro, afirma que é essencial que o consumidor coloque na ponta do lápis todas as despesas fixas e contas já assumidas ou previstas para saber quanto a compra na Black Friday vai impactar em seu orçamento. “Só assim saberá se pode ou não fazer novas dívidas”, afirmou. Levantamento da Serasa mostra que 40% da população brasileira adulta está inadimplente. Com os juros em alta, o crédito fica mais caro e isso acaba diminuindo o poder de compra. “A orientação é planejar e aproveitar esse tipo de data para adquirir apenas o que é essencial e vantajoso”, disse.
Legislação
Além disso, vale lembrar que o desconto nos preços durante a Black Friday não exime os estabelecimentos de cumprirem integralmente a legislação que protege o consumidor. “A lei garante que, no caso do produto apresentar defeito e o problema não for resolvido pelo vendedor ou fabricante dentro de 30 dias, o consumidor poderá escolher entre três opções: exigir sua troca por outro produto em perfeitas condições de uso; a devolução integral da quantia paga, devidamente atualizada ou; o abatimento proporcional do preço”, explica Christian Printes.
A legislação ainda garante que as compras realizadas pela internet podem ser canceladas mesmo que o produto não apresente qualquer defeito, desde que dentro do prazo de sete dias, contados a partir da data da entrega. Além disso, toda informação transmitida ao consumidor por meio de publicidade, embalagens ou mesmo declarações dos vendedores torna-se uma cláusula contratual a ser cumprida pelos lojistas e fabricantes. O consumidor tem o direito de exigir que os produtos sejam vendidos exatamente pelos preços e condições anunciados.
Para evitar uma possível fraude, a Serasa indica que o consumidor faça uma pesquisa sobre a empresa antes de concluir a compra. Com o CNPJ é possível entrar no VocêConsulta Empresas apenas nos três dias de Black Friday, no www.serasaconsumidor.com.br, e saber da existência legal do estabelecimento e se ele não está à beira da falência. Também dá para verificar endereço, telefone, ações judiciais, ocorrências de protestos e cheques sem fundos.
Horário estendido nos shoppings
Na Grande BH, os shoppings terão até horário estendido na sexta-feira para receber os clientes. As lojas prometem descontos de até 80% nos produtos. O Shopping Del Rey, por exemplo, na Pampulha, vai funcionar das 8h às 23h no dia do evento e, no fim de semana, das 10h às 23h no sábado e das 12h às 20h no domingo. A intenção é antecipar as compras de Natal. As lojas participantes da campanha estarão identificadas com o adesivo “Aqui tem Black Friday” nas vitrines.
O Minas Shopping é o centro de compras que abrirá mais cedo: às 7h. E fecha às 23h, com expectativa de 60% de lojas participantes. O mall projeta incremento de 15% nas vendas e no fluxo em relação a uma sexta-feira comum. Já o BH Shopping, confirmou que vai abrir as portas duas horas mais cedo – a partir das 8h. O Diamond Mall, também do Grupo Multiplan, vai funcionar também das 8h às 23h. No Pátio Savassi, 30 lojas participarão da liquidação, com descontos que variam entre 50% e 70%. Entre os malls estreantes este ano está o Shopping Cidade, Ponteio Lar Shopping e Boulevard Shopping.