Vera Batista
Brasília – O consumidor que compra a prazo, na maioria das vezes, não tem meios para saber o percentual de juros que está pagando pelas mercadorias que adquire. Até porque não basta conhecer aritmética. O cálculo requer uma máquina moderna para computar juros sobre juros a cada mês e, pelo menos, algum conhecimento de matemática financeira. Só para ilustrar, 3% ao mês não correspondem a 36% ao ano (3 vezes 12), e sim a 42,58%. Da mesma forma, uma taxa de 10% mensais equivalem a 213,84% em 12 meses. Para auxiliar o leitor, tabela concebida pelo site Vida Econômica (www.vidaeconomica.com.br) mostra passo a passo, de forma objetiva, como apurar a taxa de juros nos financiamentos. Verifique os anúncios das promoções e preste atenção se as contas estão corretas para não ser enganado.
É importante destacar que dinheiro fácil é caro, lembrou Miguel Ribeiro Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Quanto menor for o número de parcelas, menores os juros cobrados. Isso significa que, se um artigo está anunciado por determinado valor, em 10 prestações, por exemplo, e você deu uma entrada, o restante a pagar tem, obrigatoriamente, que ficar mais barato.
No exemplo de uma tevê de R$ 874, paga em 12 vezes de R$ 99,90, sem entrada, os juros embutidos, conforme o exemplo acima, são de 5% ao mês. Porém, se o consumidor fizer um pagamento inicial de R$ 99,90, as parcelas seguintes caem para R$ 94,93, uma economia de R$ 4,97 por mês ou de R$ 54,67, se consideradas as 11 prestações a vencer. Caso as parcelas continuem em R$ 99,90, o comprador estará arcando, na verdade, com juros muito mais altos, de 6,5% mensais.
Quem compra à vista sem desconto está perdendo dinheiro. O alerta é do educador financeiro Reinaldo Domingos. Ele destaca que é fundamental negociar o preço com o comerciante. “Não existe milagre. O que existe é cálculo. Quando a compra é por meio de cartão de crédito, por exemplo, o custo para o vendedor, que só vai receber em 30 dias, é de pelo menos 3%. E isso já está embutido naquele valor que ele diz que é o mesmo à vista ou a prazo”, explica Domingos.
O ideal é o consumidor fazer uma pesquisa nos concorrentes e até no site da empresa, aponta Ricardo Humberto Rocha, professor do Insper -Instituto de Ensino e Pesquisa. “Veja o preço médio e nunca aceite menos de 5% de desconto. Se disserem que é o mesmo valor à vista e a prazo, não acredite.”