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Estado de Minas

Contribuição das indústrias para crescimento em Minas Gerais cai para 11,8%

Índice é menor que a metade do medido em 1985, quando essa participação era de 28,4%


postado em 30/11/2014 00:12 / atualizado em 30/11/2014 07:34

Marta Vieira

A má fase enfrentada pela indústria de transformação de Minas Gerais desde a turbulência na economia internacional de 2008 levou ao fundo do poço a contribuição do setor na produção de bens e serviços no estado, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). Sob o avanço das importações, com o custo alto dos investimentos no país e a perda de competitividade que afeta as empresas do ramo em todo o Brasil, a participação do conjunto das fábricas mineiras no crescimento econômico do estado caiu a 11,8% em 2012, menos da metade da fatia que detinha do bolo em 1985, de 28,4%, com base em levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

No período de 27 anos da série elaborada pela instituição, trata-se do pior resultado, que se refere a toda a cadeia da produção industrial mineira, à exceção da atividade de mineração. Em 1985, o país tentava debelar a inflação alta herdada dos governos militares, promessa do então presidente eleito Tancredo Neves, morto antes de assumir o cargo. O estudo da Fiemg foi realizado com base nos indicadores disponíveis da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisados sob o ponto de vista do PIB a preços de mercado, ou seja, considerando o pagamento de impostos.

Diante do fraco desempenho da produção da indústria desde o ano passado, a tendência é de que a modesta participação observada em 2012 tenha sido mantida em 2013 e até sofra nova queda neste ano, tendo em vista a expectativa de um balanço no vermelho do setor em 2014, avalia o gerente de Estudos Econômicos da Fiemg, Guilherme Veloso Leão. No Brasil, a participação da indústria desceu de 27,2% do PIB em meados da década de 1980 para 11,4% em 2012, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

COMPETITIVIDADE “Não há mais dúvida de que o tombo da indústria mineira será superior a 3% neste ano, em decorrência do enfraquecimento da economia brasileira e da redução dos investimentos no país, além dos fatores já conhecidos de perda da competitividade da indústria nacional e o custo muito alto de produzir no país”, afirma Guilherme Leão. Ainda de acordo com indicadores da CNI divulgados em outubro, o nível dos estoques das grandes empresas subiu, com elevação dos estoques indesejados. As perspectivas são pessimistas para os próximos meses: o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) caiu um ponto entre outubro e este mês, atingindo 44,8 pontos, menor nível verificado na série da pesquisa. O indicador varia de zero a 100, configurando otimismo acima de 50 pontos.

A contribuição declinante da indústria ocorreu, de outro lado, em meio a ganhos de participação de setores mais bem posicionados do comércio e da prestação de serviços. “A indústria é que vai afundar neste ano, enquanto a agropecuária e o setor de serviços seguirão com algum crescimento”, diz o gerente de Estudos Econômicos da Fiemg. A instituição, assim como a CNI, trabalha com projeções de queda da produção industrial brasileira de 2,3% em 2014, portanto, inferior à média esperada em Minas.

O cenário mais desfavorável no estado reflete o peso na estrutura do setor de segmentos, que tem tido desempenho pior, o automotivo, de metalurgia básica e produtos de metal, basicamente estruturas metálicas para construção industrial. De janeiro a setembro, a pesquisa de indicadores industriais da Fiemg indica redução de 7,2% do faturamento da indústria mineira de transformação. No país, a retração foi de 2,1%.

PRESSÃO GERAL O crescimento da indústria de Minas em relação à média nacional no período analisado pela Fiemg ficou aquém do restante da economia, observa o analista do IBGE em Minas Antonio Braz de Oliveira e Silva. Entre 1985 e 2012, a produção industrial mineira cresceu 2,3% ao ano, enquanto a expansão do PIB foi de 2,7% anuais. A crise de 2008 e o câmbio desfavorável agravaram a situação do setor. Em setembro, última estatística computada pelo instituto, a produção industrial mineira estava 3,2% abaixo de nível registrado no mesmo mês de 2008. Na mesma base de comparação, a produção brasileira, por sua vez, está num patamar 4,1% inferior.

Pouco efeito dos estímulos

O declínio da contribuição da indústria para o crescimento de Minas e do Brasil é mostra de que as medidas de estímulo ao setor adotadas nos últimos anos pelo governo federal surtiram pouco efeito, entre instrumentos como desoneração da folha de pagamento de vários segmentos e redução de impostos. Guilherme Leão, da Fiemg, afirma que uma política industrial adequada, que estimule a produtividade e a inovação no setor, passa por ações de integração do Brasil com outros países no campo comercial e de desenvolvimento tecnológico, para uma abertura comercial também planejada do mercado brasileiro.

Uma taxa cambial mais favorável às exportações, a aproximação dos juros dos níveis praticados no exterior e o fim da cumulatividade de impostos são questões prioritárias para a indústria de transformação, na avaliação de Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil. (IABr). “As previsões de crescimento da economia brasileira, até o momento, não trazem nenhum alívio para a produção de aço”, diz Mello Lopes. O IABr apurou queda de 6,2% entre janeiro e outubro, na comparação com o mesmo período do ano passado, do consumo aparente de aço, indicador que mede as vendas internas e as importações em seu conjunto. A expectativa do setor é de que a nova equipe econômica abra o diálogo com o setor, na perspectiva de retomada da competitividade da indústria.

Outro segmento sacrificado pela retração da economia, os fabricantes de máquinas e equipamentos sofrem com os cortes de investimentos anunciados por empresas como a mineradora Vale e o grupo siderúrgico Gerdau. Em volume, metade da produção mineira tem origem nas encomendas de equipamentos pesados para as indústrias de mineração, siderurgia e cimenteiras, segundo Marcelo Luiz Moreira Veneroso, diretor regional da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Os industriais do setor mantêm cautela na expectativa de um primeiro semestre de 2015 ainda muito fraco. (MV)


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