A decisão surpreendente do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros na reunião de outubro, para 11,25% ao ano, é um primeiro indício de que o ajuste na Selic deve continuar e ainda de que a dose do ajuste pode aumentar já no encontro desta semana. A avaliação é do economista Paulo Picchetti, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Tem argumentos para subir no mínimo 0,25 ponto. Isso é claro, mas não dá para descartar alta de 0,50 ponto", disse.
De acordo com Picchetti, o discurso recente do Banco Central de que ficará vigilante e não será complacente com a inflação reforça a percepção de aumento maior da Selic, para 11,75% ao ano. Além disso, os sinais dados pela nova equipe econômica, de que fará ajustes na política econômica, e a pressão inflacionária corroboram um aumento maior dos juros. "Do lado da demanda (a economia) realmente não tem muito espaço para crescer. Se a inflação seguir o IPC-S, pode romper o teto (de 6,50%) ou ficar muito próxima disso. Realmente a perspectiva não é tranquila", disse, ao referir-se ao Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da FGV, que acelerou para 0,65% em novembro com a taxa acumulada em 12 meses indo a 6,81%.
Por outro lado, ressaltou Picchetti, o fato de a decisão do Copom de elevar a Selic em outubro não ter sido unânime pode colocar em xeque um aumento de 0,50 ponto neste encontro de dezembro. "É uma aposta difícil, pois na última reunião três membros não queriam nem dar 0,25 ponto de aumento", relembrou. No encontro de outubro, votaram pela manutenção da taxa Selic em 11,00% ao ano os seguintes membros do Comitê: Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim. Os demais membros do Comitê votaram pela elevação dos juros.