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Estado de Minas

Profissionais em políticas de austeridade ganham espaço em meio ao arrocho

Momento de insegurança com o cenário econômico leva empresas a valorizar profissionais ligados às áreas contábil, de auditoria e negociações externas. Objetivo é otimizar recursos


postado em 07/12/2014 06:00 / atualizado em 07/12/2014 08:00

Para Hegel Botinha, do Grupo Selpe, reestruturação das empresas e alongamento de suas dívidas definem nova postura nas contratações(foto: Edésio Ferreira/EM/D. A. Press)
Para Hegel Botinha, do Grupo Selpe, reestruturação das empresas e alongamento de suas dívidas definem nova postura nas contratações (foto: Edésio Ferreira/EM/D. A. Press)
Para enfrentar um 2015 de incertezas nos rumos que a economia brasileira vai tomar, profissionais experientes em criar ou conduzir políticas de austeridade nos gastos e redução de custos, sem comprometer a capacidade das empresas de enfrentar seus concorrentes, já começam a ganhar espaço nas contratações em Minas Gerais. As oportunidades agora seletivas no mercado de trabalho buscam talentos na arte de fazer mais com menos recursos dentro das organizações, privilegiando a experiência nas áreas gerencial, contábil, de auditoria, negociação com bancos e fornecedores. O outro lado dessa balança, no entanto, será mais desafiador para quem procura emprego: o conturbado ano da Copa e das eleições decretou o fim das propostas salariais agressivas e das polpudas bonificações.

É com esses novos ingredientes dos processos de seleção de mão de obra qualificada que as empresas passaram a trabalhar, segundo pesquisa realizada pela consultoria Fesa, especializada na recolocação de executivos. Num universo de empresas com faturamento entre R$ 120 milhões e R$ 3,5 bilhões, mantendo de 150 a 14 mil funcionários, a maioria dos 50 principais executivos ouvidos no levantamento indicaram a redução de custos como prioridade absoluta. Essa orientação vale para 32% dos entrevistados, seguida pela corrida atrás de rentabilidade e liquidez, com 27% das respostas, informou David Braga, diretor da Fesa em Minas Gerais e no Centro-Oeste.

Com a retração da economia, o aumento dos juros e dos custos de produção, as contratações de executivos se voltaram para profissionais que sejam capazes de enfrentar esses problemas e apresentar soluções. “Percebemos uma tendência de opção pelos profissionais com larga experiência para redefinir modelos de atuação, rever estratégias, que conseguem agregar as pessoas e conectá-las com as demais áreas”, afirma David Braga.

O que as empresas vão procurar, de acordo com o diretor da Fesa, é o nível máximo de assertividade nas ações e o corte de custos desnecessários. “Serão necessários profissionais que têm um olhar especial votado para dentro das empresas, com foco em rever processos, evitar duplicidade de tarefas e adotar melhores práticas, para aumentar a eficiência da informação e o apoio à gestão”, diz Braga. A Fesa ouviu empresas em Minas Gerais dos setores de autopeças, construção, engenharia, produção de alimentos, do varejo e do segmento de serviços financeiros.

Os profissionais das áreas financeira e de controladoria passaram a ser mais demandados em razão do papel fundamental que eles deverão desempenhar em 2015, na avaliação de Hegel Botinha, diretor comercial do grupo Selpe, especializado no recrutamento de mão de obra. “Algumas empresas estão em processo de reavaliação de suas estruturas, refazem planos de investimentos, e negociam com bancos e fornecedores na perspectiva do alongamento de suas dívidas. Isso explica o novo foco das contratações”, afirma. Estão sendo mais requisitados profissionais especializados em consultoria de finanças, auditoria e controladoria, incluindo engenheiros com experiência em gestão.

INOVAÇÃO

De acordo com a pesquisa da Fesa, o tema dos investimentos em inovação também foi abordado como preocupação dos executivos ouvidos. Os aportes destinados a pesquisa e desenvolvimento de produtos têm sido direcionados em apoio ao negócio para 75% dos entrevistados. Quando questionados sobre os recursos aplicados, 40% afirmaram que houve aumento de verbas neste ano, em relação a 2013, e 25% admitiram queda de valores.

Na hora da negociação com a empresa é que as posições estão se invertendo, concordam David Braga e Hegel Botinha. “Até 2013 o poder de decisão estava muito mais nas mãos dos profissionais. Agora, as empresas estão mais comedidas e querem executivos multidisciplinares, porque não há grandes perspectivas de que 2015 será um ano promissor”, diz Braga. O diretor do grupo Selpe observa que num cenário mais complicado da economia é possível que os salários fixos não sejam alterados, mas sim, e para baixo, a remuneração variável, que engloba benefícios e ganhos extraordinários.


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