A presidente Dilma Rousseff classificou como "contrabando" a alteração feita na Medida Provisória 656, que está em apreciação na Comissão Mista do Congresso, com inclusão do artigo que tornou optativa a participação sindical na concessão do crédito consignado aos trabalhadores. A queixa foi apresentada pelas centrais sindicais à presidente Dilma, na reunião de segunda-feira, no Planalto.
"Foi um contrabando que colocaram lá. Deixaram passar um elefante e vou tentar consertar isso ainda na votação", desabafou a presidente Dilma, na conversa com os sindicalistas, ao ser informada da alteração no texto, conforme relatou um dos presentes na reunião. Dilma avisou ainda que é possível resolver isso antes de o texto ir para votação e, em último caso, poderá vetar o trecho que torna opcional o acompanhamento pelo sindicato.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, contou que a presidente, "estarrecida" com o fato, imediatamente, mandou buscar o texto para conferir. Ao ver que, de fato, tirava o direito dos sindicatos de endossar os empréstimos consignados, pediu ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que conversasse com o relator da matéria, que até então era o senador Eunício Guimarães (PMDB-CE), candidato a uma vaga na Esplanada dos Ministérios, possivelmente a Integração, para saber o que tinha acontecido. A ordem da presidente era saber quem fez a mudança e retornar ao texto original. Eunício, no entanto, renunciou à relatoria e foi substituído por Romero Jucá (PMDB-RR).
Dilma assegurou aos sindicalistas que "aquele não era o espírito da MP. "Jamais permitiria que uma MP fosse redigida para piorar a situação dos trabalhadores", comentou a presidente, conforme revelou Ricardo Patah, da União Geral dos Trabalhadores, depois de lembrar que o espírito do texto era facilitar o empréstimo consignado.
Ainda esta semana o assunto será objeto de conversa de sindicalistas com o Planalto e eles serão informados da solução dada para o caso pelo governo.