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Estado de Minas

Ação judicial aberta nos EUA contra a Petrobras faz despencar ações da estatal

Companhia pode ter que desembolsar até R$ 40 bi, segundo analistas, se for condenada em processo aberto nos EUA


postado em 10/12/2014 06:00 / atualizado em 10/12/2014 06:54

Brasília – Sob o peso de ação judicial aberta contra a empresa nos Estados Unidos, as ações da Petrobras tiveram mais um dia de queda na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) ontem, mesmo já tendo atingido valores que muitos analistas acreditavam ser o fundo do poço. “Pelo jeito esse poço tem um fundo falso”, comentou com bom humor o economista Felipe Chad, da DXI Planejamento Financeiro.

O papel ordinário, com direito a voto, caiu 1,58% e fechou em R$ 10,55, um pouco acima da mínima do dia, de R$ 10,09. A ação preferencial, que tem prioridade na distribuição de dividendos, encerrou em baixa de 1,21%, as R$ 11,36, tendo chegado a R$ 10,81. Isso contribuiu para o recuo do Ibovespa, o principal índice da bolsa, que terminou o dia com desvalorização de 0,16%.

Os dois papéis da Petrobras tiveram queda acumulada, respectivamente, de 7,86% e de 7,34% na segunda e na terça-feira. Na semana passada, depois de sucessivas reduções no valor de mercado, a Petrobras foi ultrapassada pelo Bradesco no ranking das maiores companhias listadas da Bovespa.

“Se houver alguma recuperação do preço, será a curto prazo. Não vejo perspectivas boas a médio ou a longo prazo”, avaliou o analistas de investimentos Clodoir Vieira. Chad vai na mesma linha: “O valor atual é o mais baixo desde 2005. E pode cair ainda mais. Eu não compraria em hipótese alguma”, afirmou.

O fator que mais contribuiu para a queda de ontem, segundo Chad, foi a ação judicial iniciada na segunda-feira contra a empresa em um tribunal de Nova York pelo escritório Wolf Popper. A alegação é de que a Petrobras “fez falsas e enganosas declarações, deturpando fatos e escondendo a cultura de corrupção na companhia”. Em 2010, a estatal fez o maior lançamento de ações do mundo, num total de US$ 70 bilhões (R$ 120 bilhões pelo câmbio da época). A ação patrocinada pelo escritório pode beneficiar todos os compradores de papéis da Petrobras nos Estados Unidos desde aquele ano. Os chamados American Depositary Receipts (ADRs) representam 22% do capital da empresa.

“Uma das possíveis consequências da ação é que a Petrobras seja obrigada a recomprar os papéis de investidores norte-americanos, o que pode implicar um desembolso de cerca de R$ 40 bilhões. Se isso acontecer, a empresa terá de reduzir drasticamente os investimentos, ou aumentar ainda mais o preço dos combustíveis”, afirmou Chad.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, acredita que a Operação Lava-Jato pode ter efeito benéfico para a Petrobras a médio e longo prazos, ao melhorar a governança. “Na própria Justiça de Nova York, ela pode argumentar que está trabalhando para se livrar de uma quadrilha.”

Desvalorização
Outro fator que tem atrapalhado as perspectivas da companhia é a queda do preço do petróleo, o que pode comprometer os elevados investimentos para explorar o pré-sal. O óleo tipo Brent perdeu US$ 39,80 neste ano. Ontem subiu US$ 0,98, fechando a US$ 66. Para Perfeito, as estimativas de que o preço cairá até US$ 40 são infundadas. “Só chegou perto disso em 2008, quando todos achavam que o mundo iria acabar”, comparou.

Na próxima sexta-feira, a Petrobras deve divulgar o balanço do terceiro trimestre sem a auditoria externa da Price Waterhouse Coopers, responsável pela análise das contas da estatal. A apresentação inicial dos números estava marcada para 14 de novembro.

 


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