Às vésperas de um dos períodos de maior movimento, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, funcionará sem um importante aparelho que auxilia no pouso de aeronaves. O ILS (Instrument Landing System, em inglês) foi desligado para a continuidade da obra de extensão da pista de decolagem. Segundo a Infraero, a etapa da obra que afeta o uso do aparelho será concluída até março. Até lá, o aparelho não funcionará porque é preciso que ele seja deslocado para a nova cabeceira (extremidade destinada às operações de pouso) da pista, o que pode resultar em restrições operacionais em dias de mau tempo.
A empresa contratada pela Infraero para fazer a reforma da pista de pouso e do pátio de aeronaves iniciou as obras em fevereiro de 2013. O término estava previsto para abril, mas, com o atraso, a obra será encerrada apenas em junho de 2016, mais de dois anos depois do previsto. A pista será ampliada em 600 metros, permitindo a operação em Confins de aviões de grande porte. Segundo a estatal, a cabeceira será prolongada com a extensão da pista, o que obriga o deslocamento do aparelho de acordo com a nova capacidade operacional do aeroporto. A Infraero diz que a medida foi discutida com as empresas aéreas, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e demais órgãos.
No fim de semana, com o ILS já desligado, segundo relatos de pilotos, aeronaves foram obrigadas a sobrevoar o espaço aéreo de Confins à espera de condições climáticas favoráveis para o pouso. No domingo, até as 20h, dos 113 voos programados para Confins, 42 atrasaram e 20 foram cancelados.
O aparelho ILS um sistema composto por equipamentos eletrônicos instalados na pista e nos aviões, segundo a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, que praticamente guia o piloto até o pouso quando a névoa encobre o horizonte. A instalação do aparelho ou apenas a substituição por uma categoria mais avançada permite reduzir o número de vezes que o aeroporto é fechado por mau tempo consideravelmente. Sem ele, o aeroporto pode ser fechado em condições de baixa visibilidade ou teto.
Condições
Pelas regras vigentes no Brasil, no caso da categoria 1, como em Confins, o piloto pode pousar caso tenha visibilidade de pelo menos 500 metros e 60 metros de altura em relação à pista; 300 metros de visibilidade e 30 metros de altura para a categoria 2 e visibilidade superior a 200 metros e abaixo de 30 metros de altura para a categoria 3A.
O major brigadeiro do ar Renato Cláudio Costa Pereira, ex-secretário-geral da Organização da Aviação Civil Internacional de 1997 a 2003, explica que o instrumento auxilia o piloto no direcionamento da pista e na altura, tornando o serviço mais fácil e seguro. Mas afirma ser simples o pouso mesmo sem o funcionamento do aparelho. “Pode ser mais trabalhoso. Exige um pouco mais do piloto, mas qualquer profissional faz isso com o pé nas costas”, afirma Costa Pereira sobre o pouso sem o uso do ILS.