Brasília – Enquanto o mercado deu uma trégua para os papéis da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), que estancaram a sangria ontem após seis dias de queda, mais duas notícias negativas envolveram a companhia. A agência de classificação de risco Standard and Poor’s (S&P) cortou o perfil de crédito individual da estatal, de BBB- para BB. E a própria bolsa paulista reduziu o peso da ação preferencial da petroleira no principal índice, o Ibovespa, de 5,542% de participação para 4,704% na segunda prévia da composição prevista para vigorar entre 15 de janeiro e 15 de abril do ano que vem.
Os ativos da Petrobras acompanharam a montanha-russa da bolsa. As ações preferenciais variaram 9,58% entre a mínima e o fechamento. O menor preço chegou a R$ 7,86, mas, ao fim do pregão, houve alta de 2,17%, e a ação fechou cotada a R$ 9,38. Os papéis preferenciais oscilaram 8,75% entre a mínima e o fechamento. A ação bateu nos R$ 8, mas fechou com ganho de 2,11%, a R$ 8,70.
A S&P, que cortou o perfil de crédito individual da Petrobras, manteve o rating corporativo em BBB-, ainda com grau de investimento. Em comunicado, a agência disse que os escândalos de corrupção podem enfraquecer a flexibilidade financeira da estatal. “A revisão não afetará os ratings finais da companhia. O corte para baixo do perfil de crédito individual reflete uma porção de liquidez mais fraca, acesso mais restrito ao mercado para financiamento e uma geração de fluxo de caixa potencialmente menor”, justificou.
Conforme o analista da DX Investimentos Felipe Chad, a redução no peso das ações preferenciais na composição do índice Ibovespa foi automática e reflete a perda de valor de mercado da companhia. “Essa é uma revisão que ocorre de período em período e calcula o peso de acordo com o valor dos ativos. Como a Petrobras perdeu muito este ano, pode perder também participação”, explicou. A BM&FBovespa divulga regularmente três prévias, antes da definição das novas composições dos índices. A terceira está prevista para a última sessão do ano.
O pregão de ontem na bolsa paulista foi de muita volatilidade. O Ibovespa chegou a baixar de 46 mil pontos, atingindo uma queda de 2,48% na mínima do dia. Ainda durante a manhã, passou a ganhar força, zerando as perdas. Mas a situação não durou muito, com a abertura negativa das bolsas norte-americanas. À tarde, voltou a virar para alta e atingiu 47.596 pontos, com ganhos de 3,80% na máxima do dia. No fim do pregão, fechou estável, com queda de 0,02%, a 47.007 pontos. Em Nova York, Nasdaq fechou com queda de 0,34%, a 4.600 pontos. Dow Jones caiu 0,58%, aos 17.181 pontos, e o índice S&P 500 também recuou, 0,63%, a 1.990 pontos.
PETRÓLEO
A queda do preço do barril de petróleo pode ajudar as contas públicas do Brasil. A afirmação é do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, que, ao discursar ontem na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, disse que, como o Brasil é importador de combustível, se os atuais preços se mantiverem é possível ter uma economia de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões em 2015 na conta petróleo. Com a redução, o déficit da balança comercial deve cair e melhorar o resultado das contas externas. Ontem, o preço do barril continuou sua queda livre. O valor do óleo oscilou entre a mínima de US$ 53,60, menor valor em mais de cinco anos, e a máxima US$ de 57,15, fechando o dia cotado a US$ 55,35.