A economia se prepara para um novo ciclo de expansão, na avaliação do ministro da Fazenda interino, Paulo Rogério Caffarelli, feita na cerimônia de transmissão de cargo para Joaquim Levy. "Novas reformas serão absolutamente necessárias", previu. Segundo ele, é preciso apresentar uma melhora fiscal sem mexer nos direitos dos trabalhadores.
Essas reformas, no entanto, segundo o ministro interino, exigirão do governo muito diálogo. "Do diálogo, surgiram grandes iniciativas, como desoneração para indústria e medidas para investimentos", citou. O ano de 2015 será de ajustes, conforme Caffarelli, com destaque para o ajuste "fiscal forte", o que chamou de âncora para os demais componentes da economia. "O Brasil hoje não é a economia fragilizada que era no início dos anos 2000. O Brasil tem como manter os protagonismos que o mundo começa a viver, apesar da frustração com o ano que passou."
Apoiar o salto de infraestrutura que se faz necessário é fundamental para dar mais competitividade para a indústria nacional, na fala de Caffarelli, e para que a indústria local possa concorrer. "O Brasil aumentou suas trocas com o exterior, mas é urgente dar novo salto de bens e serviços e para exportar mais é preciso importar mais também. Troca de corrente maior é um grande desafio que a nova equipe terá", projetou.
Cabe ao governo, dentro das suas limitações, segundo o ministro interino, dar as melhores condições para o empresário competir com seus concorrentes em uma economia globalizada. É essencial também, de acordo com ele, garantir o grau de investimento conquistado em 2008. Dizendo que o provérbio de Ghandi caberia ao antecessor Mantega e ao futuro ministroda Fazenda, Joaquim Levy, Caffarelli encerrou sua fala dizendo: "Grandes batalhas são dadas a grande guerreiros".
Mantega
Caffarelli salientou que nos anos em que o ministro Guido Mantega esteve à frente do cargo o modelo não seguiu uma linha reta perfeita. "Teve curvas ao longo do caminho", disse, citando que a mais tortuosa delas foi imposta pelo mundo rico, com a crise financeira de 2008. "O Brasil enfrentou e teve uma das mais rápidas recuperações do mundo", disse, salientando que de 2006 a 2013 o crescimento médio do PIB foi de 3,6%. "Apesar do fraco resultado do PIB esperado para 2014, ainda devemos ter uma média acima de 3%, isso com inflação controlada, dentro do sistema de metas", considerou Caffarelli.
O ministro interino comentou ainda que o Brasil manteve pilares econômicos, obteve o grau de investimento e manteve protagonismo internacional, como no âmbito do G-20 e com os Brics. "Isso não seria suficiente se política não tivesse ampliado o emprego e a renda", considerou. "Conseguimos evitar que a crise financeira contaminasse as famílias brasileiras", continuou.
É evidente, de acordo com Caffarelli, que o resultado foi obtido de forma coletiva. Ele citou o aval da presidente Dilma Rousseff e apoio do Congresso Nacional. O ministro salientou que Mantega foi o ministro mais longevo da história, no cargo por 8 anos e 9 meses. "Ele dedicou 12 anos ao governo federal e a à promoção de um Brasil mais justo e desenvolvido", considerou. Caffarelli também comentou que mais de 50 milhões de brasileiros migraram para a chamada nova classe média desde então, com um mercado consumidor maior do que muitos países. "O Brasil entrou em período de expansão", resumiu, citando a criação de programas sociais e de obras de infraestrutura.