O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, enfatizou nesta segunda-feira, a importância do mercado de trabalho para o crescimento econômico. "Apenas o trabalho pode criar riquezas", salientou. De acordo com ele, haverá um esforço de reequilibrar as contas públicas do governo de forma "duradoura, se não, permanente".
Levy comentou, assim como a presidente Dilma Rousseff em seu discurso de posse, que a reforma foi o tema mais evocado em 2014. Ele salientou, porém, que o sucesso de sua empreitada virá do trabalho conjunto com outros ministérios, como o Planejamento, Agricultura, Desenvolvimento, Trabalho, Relações Exteriores e "muito especialmente" com o Congresso Nacional.
Levy iniciou seu discurso na solenidade de transmissão de cargo agradecendo a confiança que a presidente Dilma depositou nele e os votos de sucesso que recebeu de amigos e desconhecidos. "Procurarei corresponder", afirmou. Levy destacou como prova de maturidade da democracia brasileira ao ver que grande maioria da população concorda ser imperativo o compromisso fiscal. Segundo ele, esse compromisso fiscal nem sempre é fácil, considerando as demandas legítimas da sociedade.
Levy disse que esse equilíbrio fiscal é indispensável para continuar no caminho já iniciado e é a chave para a confiança e o crédito. Ele afirmou que o Brasil tem condições de fazer o equilíbrio fiscal que, segundo o ministro, dará tranquilidade para o empresário tomar risco e investir e permitirá iniciar um novo ciclo de crescimento.
"O equilíbrio fiscal em 2015 e o cumprimento das metas em 2016 e 2017, conforme previsto na LDO, serão fundamento de novo ciclo de crescimento", afirmou. Ele também destacou a estabilização monetária, sob a eficaz vigilância do Banco Central. Segundo Levy, a responsabilidade fiscal exercida na primeira década dos anos 2000 foi importante para inclusão social e para permitir conduzir uma política anticíclica eficaz após a crise global de 2008, em sintonia com o G-20.
Levy também criticou o sistema patrimonialista e falou em um "basta" ao sistema. "É a pior privatização da coisa pública", disse. O ministro disse que será preciso determinação e humildade para vencer os obstáculos. Levy afirmou que é preciso permitir que os ganhos de trabalho se consolidem e que a inclusão social prossiga.
Godoy
Levy indicou para a secretaria-executiva Tarcísio Godoy, que atualmente é diretor da área de seguros do Bradesco. Para o Tesouro Nacional, Levy indicou Marcelo Saintive Barbosa, que foi já foi secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Para a Secretaria de Política Econômica, o indicado foi Afonso Arinos de Melo Franco Neto. Para a Receita Federal, foi indicado Jorge Rachid. Levy manteve Pablo Fonseca na Secretaria de Acompanhamento Econômico e Adriana Queiroz na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Na Secretaria de Assuntos Internacionais, o indicado foi Luiz Balduíno. Para o Carf, tribunal administrativo do Fisco, foi indicado o atual secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto.
Meirelles
O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o discurso de posse de Levy, focado na busca por maior disciplina fiscal, "veio na direção correta". Em rápido comentário, Meirelles afirmou: "Está na direção correta. Agora é implementar, né? Mas veio na direção correta. Muito bom. Vamos ver como será", disse Meirelles. Meirelles presidiu o BC entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010. (Colaborou João Villaverde)