Os valores arrematados no leilão de transmissão feito hoje pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) representaram 80% do que foi ofertado inicialmente. Embora dois dos quatro lotes disponíveis não tenham tido interessados, o grupo com maior valor foi arrematado, o que permite uma avaliação positiva do ponto de vista econômico.
“O ideal seria que tivéssemos 100%, mas é um valor considerável, principalmente pela importância dos empreendimentos”, disse Reive Barros, diretor da Aneel, após o certame na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), em São Paulo.
O maior lote teve como vencedor a Cymi Holding, que fez a única oferta entre as três empresas habilitadas. A Receita Anual Permitida (RAP) máxima era R$ 146.817,85 e o lote foi arrematado, sem disputa, por R$ 144.600.900. O deságio ficou em 1,51%. Nesse grupo, os empreendimentos preveem 903 quilômetros de linhas de transmissão, totalizando 3.600 mega-volt-amperes (MVA) de potência. De acordo com a Aneel, essas linhas de transmissão vão permitir o escoamento da energia de parques eólicos na Bahia.
A subestação de São Paulo, com oferta de 800 MVA de potência, único lote que teve disputa, foi arrematado pela empresa CPFL Geração de Energia. Houve deságio de 32,59%, e o valor final da RAP ficou em R$ 10.836.780. A outra empresa que apresentou proposta foi a Abengoa Construção Brasil, com valor de R$ 15.917.525. A Alupar Investimento, que também estava habilitada, não apresentou proposta. O lote, segundo a Aneel, vai permitir o escoamento de energia de biomassa.
O Lote F, que ofertava 150 MVA de potência em subestações em Rondônia, não teve interessados, assim como o Lote J, que ofertava subestação em Goiás. De acordo com André Pepitone da Nóbrega, diretor da Aneel, o que se observa inicialmetne é que o fato de esses lotes terem ficado vazios não tem relação com o valor da RAP e sim com a questão de equipamentos. Para ele, a falta de ofertas está relacionada ao fornecimento de equipamentos pela indústria, que pode ter retraído os investidores. “Vamos reavaliar e incluir esses dois lotes no leilão de abril.”
No último leilão da Aneel, em novembro, cinco dos nove lotes oferecidos não receberam propostas. Isso fez com que esse leilão, inicialmente marcado para dezembro, fosse adiado. A previsão era que ele ocorresse em abril de 2015, diante da necessidade de reavaliar todo o processo, inclusive fornecimento de equipamentos, riscos e preços básicos, entre outros. Barros explicou, no entanto, que a agência foi procurada por empreendedores interessados em alguns dos lotes e, por isso, houve o desmembramento, antecipando quatro desses lotes.
“A Aneel vai continuar avaliando as condições que estão fazendo com que os leilões fiquem vazios. A expectativa é de um grande leilão em abril de 2015, resolvendo os problemas que foram identificados para motivar maior participação de investidores e atender o plano de expansão do sistema elétrico brasileiro”, disse Barros.
Entre as mudanças possíveis, apontadas pela agência reguladora, estão o reagrupamento de empreendimentos para tornar os lotes mais atrativos e a discussão antecipada do licenciamento ambiental.