Brasília – Mais da metade dos trabalhadores que aplicaram seus saldos do Fundo de Garantia do Tempos de Serviço (FGTS) diretamente em ações da Petrobras ao longo dos últimos 10 anos desistiram do investimento e venderam as cotas. Segundo levantamento da consultoria Economática, em janeiro de 2005, eram 142,5 mil cotistas, com patrimônio de R$ 3,46 bilhões. Hoje, esse público reduziu a 65,5 mil, com um valor aplicado de R$ 1,17 bilhão. O levantamento mostrou que o maior montante alcançado no período estudado foi atingido em maio de 2008, com R$ 11,4 bilhões, divido em 104,5 mil titulares.
Apenas no ano passado, 3.802 cotistas resgataram os seus recursos dos fundos FGTS Petrobras. Em dezembro de 2013, eram 69.36, contra 65.556 no último dia do ano passado. No chamado FGTS Petro, a média de patrimônio por investidor em maio de 2008 era de R$ 109,1 mil, despencando para R$ 17,9 mil neste mês. Segundo a Economática, os saques ocorreram devido à acentuada queda dos papeis da estatal e ao desejo de muitos em usar as aplicações na compra de imóveis, sobretudo em 2008, quando as ações ainda estavam valorizadas.
A análise da consultoria é baseada em dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os chamados Fundos Mútuos de Privatização (FMPs) foram lançados no começo dos anos 2000. Trabalhadores que tinham recursos no FGTS poderiam destinar até metade do saldo aos FMPs, que podem ser baseados em ações da Petrobras ou da Vale.
Na bolsa, a Petrobras, que nos últimos pregões da semana passada ameaçou reagir a onda de baixas, voltou a trajetória de queda. Somente ontem, os papéis da petroleira desabaram mais de 5%, contribuindo para derrubar a Bolsa de Valores de São Paulo (BMFBovespa), que fechou negativa em 1,43% a 48.139 pontos . As ações ON (com direito a voto) da estatal caíram 5,60%, cotada a R$ 8,77, e as PN, 5,21%, a 8,91.
Contribuíram para as perdas da companhia nova redução de preços do barril do petróleo, após o Goldman Sachs reduzir as projeções do Brent para este ano, e informações de que a Petrobras estaria analisando a possibilidade de venda de participações nas áreas do pré-sal como solução de curto prazo para enfrentar as dificuldades financeiras. No mercado internacional, o barril WTI, negociado em Nova York, caiu 4,88%, a US$ 46,01 — menor patamar desde abril de 2009 — e o Brent, de Londres, registrou queda de 5,29%, a US$ 47,39.
Estatal antecipa parcela do 13º
A não publicação do balanço da Petrobras, além de prejuízos para imagem da empresa, está prejudicando os trabalhadores. Ontem, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que a estatal concordou em pagar um adiantamento do 13º salários aos funcionários para compensar a suspensão temporária do pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) que ocorreria este mês. Segundo a federação, o cálculo da PLR necessita da comparação entre os resultados dos três primeiros trimestres do ano base e do mesmo período do ano anterior.
A parcela do 13º deve ser depositada em 19 de janeiro, e segundo a FUP, foi reivindicada pelos trabalhadores na sexta-feira. Esse adiantamento normalmente é feito até 20 de fevereiro.