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Estado de Minas

Greve na Volkswagen diminui estoques e faltam modelos nas revendas

Paralisação gera problema para lojas, que têm dificuldades para reservar e entregar alguns modelos. Recesso causa transtorno na Ford


postado em 15/01/2015 06:00 / atualizado em 15/01/2015 07:33

O casal Izaltino Alexandre e Luciene Dias Lourenço diz que, se não fosse a necessidade de adquirir um carro, não arriscaria comprar algum veiculo em 2015(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
O casal Izaltino Alexandre e Luciene Dias Lourenço diz que, se não fosse a necessidade de adquirir um carro, não arriscaria comprar algum veiculo em 2015 (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

Enquanto os trabalhadores da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), mantêm greve que já dura nove dias, as concessionárias da marca começam a sentir os efeitos da paralisação das linhas de produção. Alguns clientes não conseguem ao menos fazer a reserva de determinadas configurações dos modelos Gol, Saveiro e up!. A situação é pior pelo fato de a greve dos trabalhadores ter se iniciado imediatamente após a volta do recesso de fim de ano, que começou em 20 de dezembro, fazendo a fábrica adiar ainda mais a data de entrega de veículos aos revendedores.

Para Carlos Eduardo Martins, gerente de vendas da concessionária Recreio, na Região Centro-Sul de BH, o quadro só não é mais grave porque 2014 foi um ano fraco em vendas, deixando os pátios mais cheios, e é esse estoque que as lojas estão usando para que nem todos os clientes que vão às concessionárias com intenção de compra voltem para a casa com as mãos vazias. Porém, os modelos mais vendidos atualmente pela marca já estão em falta. O estoque de apenas seis unidades da Saveiro Cross deverá acabar em uma semana, segundo o gerente.

Para atender a demanda até o fim do mês, a loja deveria contar com pelo menos 20 unidades da picape. “A luz amarela já acendeu, e, se a greve continuar, vamos acender a luz vermelha”, explica Martins, que destacou também que só conseguiu manter o estoque mínimo por ter feito uma compra maior da fábrica no ano passado para antecipar a procura de janeiro por unidades ainda com o desconto do IPI, que volta a ser cobrado integralmente para os modelos fabricados em 2015.

Espera


Nas concessionárias Carbel e Garra, já não há nenhuma unidade da Saveiro e a espera é de pelo menos 45 dias para a entrega, mesmo assim, sem garantia de data por causa da paralisação da linha de montagem. Também há dificuldade para encontrar os modelos Gol 1.6 e a versão Take do compacto up!. “As vendas em dezembro melhoraram 20% em relação a novembro, e esse ritmo de crescimento era esperado também para janeiro, mas a greve vai atrapalhar”, informou André Corrêa Nunes, gerente da Carbel, que prevê prejuízo ainda maior em fevereiro, quando todo o estoque de 2014 estará zerado. Problema similar enfrenta a Mila, na Pampulha, que já não consegue atender os clientes que procuram pela Saveiro Cross.

Na Ford, a falta de carros já era esperada pelo recesso de fim de ano nas linhas de montagem de Camaçari (BA), de onde sai o novo Ka, e na Grande São Paulo, onde é produzido o Fiesta. Segundo a concessionária BH For, a empresa já previa certa dificuldade na oferta dos dois modelos pela alta procura e pelo recesso dos funcionários das fábricas, mas admite que, em um cenário de greve, consumidores terão grande dificuldades em comprar Ka e Fiesta.

Descontos para os compradores

Além do problema da greve, as revendas da Volkswagem e de outras marcas estão com vendas em queda em função do fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros novos. Muitas concessionárias em Belo Horizonte, com o objetivo de liquidar os estoques, continuam vendendo carros com preços abaixo da tabela, o que deve durar até fevereiro. Na primeira semana, o movimento surpreendeu, mas nesta o faturamento está, em média, 40% menor nas revendas da capital. Para o consumidor, o momento é propício. Além do IPI reduzido, há promoções e bônus. Os descontos chegam em torno de R$ 2 mil até R$ 5 mil.

Nos primeiros dias do ano, a procura por automotivos novos, com o IPI reduzido, surpreendeu. A média das concessionárias ouvidas pelo Estado de Minas era de até cinco carros vendidos por dia, mas, em poucos tempo, o cenário mudou. Nos últimos dias, as vendas caíram cerca de 40%, segundo estimam. Por outro lado, os descontos estão sendo prorrogados e, algumas lojas que manteriam o IPI reduzido até meados de janeiro, como o grupo Roma Fiat, prorrogou o prazo para 31 de janeiro.

Dezembro, segundo destaca o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv), Camilo Lucian, foi o período de maior venda do ano de 2014 para o setor. “Em função do final da redução do IPI, vivemos um momento muito bom neste fim de ano. E havia a ideia de que, quem quisesse comprar um carro novo deveria aproveitar dezembro, pois janeiro seria mais caro. Mas muitas concessionárias, com o que não foi vendido, prorrogou o benefício para este mês”, comenta.

Camilo é também sócio- diretor da Banzai Honda e conta que, na sua concessionária em BH, foi mantido, neste mês, o preço antigo dos veículos . “Vendemos quase tudo que tínhamos em dezembro, e a Honda absorveu o aumento do IPI, por isso, mantivemos os valores do mês anterior”, afirma Camilo. Na concessionária BH For, revendedora Ford, já foram vendidos nesta quinzena cerca de 50 carros. Segundo conta o gerente da parte de financiamento da loja, Thiago Bello, a intenção é atrair a clientela pelo preço. “Além disso, podemos negociar emplacamentos, acessórios , entre outros”, diz. “É um bom momento para adquirir um carro novo”, completa.

O consumidor e empresário Guilherme Fernandes sabe disso. Em dezembro, ele vendeu o antigo carro e passou a pesquisar os valores e condições oferecidos pelas concessionárias e se surpreendeu com a continuidade do IPI reduzido. Ele diz que geralmente procura comprar um carro avaliando as taxas de juros do financiamento e também os valores de seguro e disponibilidade de peças para o modelo, além do seu poder de revenda. “Dou preferência aos carros que não são tão desejados, e observo todos as despesas referentes a ele. Vale muito a pena, por exemplo, comprar aquele que foi fabricado em 2014 e tem o modelo do mesmo ano”, diz o empresário, que está procurando um veículo para comprar.


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