Os sucessivos cortes no pessoal ocupado na indústria, que acompanham a retração na produção, comprovam que o cenário é de crise no setor, segundo Fernando Abritta, pesquisador da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Nem o setor externo nem o setor interno tem contribuído para o desempenho da indústria. O cenário é de crise", disse Abritta.
Em novembro, o Estado de São Paulo, principal parque industrial do País, fez um corte recorde de empregados. O pessoal ocupado diminuiu em 6,1%, a maior queda para a região dentro da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal - Emprego e Salário, iniciada em dezembro de 2001. "É uma queda bem disseminada, que atinge 16 das 18 atividades pesquisadas em São Paulo. O maior impacto veio do setor de alimentos e bebidas (-9,1%), seguido por meios de transporte (-6,8%)", apontou Abritta.
A atividade de meios de transporte sentiu o peso das demissões nas montadoras. "Algumas montadoras tiveram PDV (programa de demissão voluntária), reduziram turnos, fizeram lay-off. A produção de veículos em São Paulo recuou 15,5% em novembro de 2014 ante novembro de 2013", lembrou o economista do IBGE.
São Paulo responde por 35% de todo o emprego industrial do Brasil. A demissão de trabalhadores no Estado teve a maior contribuição para a redução de 4,7% no pessoal ocupado na indústria em todo o território nacional em relação a novembro de 2013, embora todos os 14 locais pesquisados pelo IBGE tenham registrado corte de vagas no período.
O emprego na indústria já está 9,1% abaixo do pico registrado em julho de 2008, calculou Abritta. "Esse ano já vai ser o terceiro seguido de queda no emprego industrial. A última taxa positiva foi em 2011, quando o pessoal ocupado na indústria cresceu 1,0%. Desde então, só vem caindo e ainda acelerando o ritmo de queda", ressaltou o pesquisador do IBGE.
Em 2012, a indústria cortou 1,4% das vagas. Em 2013, a queda no número de postos de trabalho foi de 1,9%. De janeiro a novembro de 2014, a retração acumulada no emprego industrial está em 3,1%.