Brasília – Não bastasse a destruição de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país todos os anos, o alcoolismo tem impulsionado a invisível e criminosa indústria do falso atestado médico. Ressacados, principalmente no início da semana, trabalhadores pagam por documentos ilegais que os livram da obrigação de ir ao serviço. As ausências forjadas pelo álcool alimentam a prática da falsidade ideológica e atingem em cheio a produtividade de empresas e órgãos públicos.
Nos grandes centros é comum encontrar homens que, identificados com coletes, dizem trabalhar com “ouro e atestado médico admissional”, mas que também encaminham trabalhadores que buscam atestado médico para justificar faltas ao trabalho a um segundo profissional, que por sua vez é responsável por fazer um atendimento preliminar e ali mesmo conseguir o atestado médico, depois de algum tempo de espera.
Quem vende atestado ilegal comete crimes, como o de falsidade ideológica, cuja pena pode chegar a cinco anos de reclusão. Os médicos que emitem o documento podem ser enquadrados no delito específico de falsidade de atestado médico, com punição que varia de um mês a um ano de detenção. Já quem apresenta atestado médico falso no trabalho fica sujeito à demissão por justa causa. No ano passado, um jovem de 26 anos, morador de Vitória (ES), conseguiu uma liberação do serviço alegando estar com sinusite. Acabou desmascarado pela empresa e, além de perder o emprego, foi levado à delegacia pelo crime de uso de documento falso.
Violência Além das fraudes no trabalho, o álcool encoraja para o crime ou conduz a ele sem avisar. Qualquer agente de segurança pública tem consciência do efeito do alcoolismo na criminalidade, principalmente a que ocorre dentro de casa. Se as estatísticas são frágeis, a rotina das delegacias por si só reflete essa constatação. Mesmo aqueles que jamais se considerariam viciados em bebida ficam sujeitos a, impelidos pela embriaguez, cometer atos de violência.