As medidas de ajuste fiscal anunciadas recentemente, somadas ao risco de limitações no fornecimento de energia, impõem um viés de alívio para o atual ciclo de aperto monetário em curso, na avaliação do Banco Fibra. "O cenário econômico já bastante complexo torna-se cada vez mais desafiador e a política fiscal contracionista e o crescente risco de racionamento limitam a alta da taxa de juros básica", dizem os economistas Cristiano Oliveira e Mateus Godinho, em relatório enviado a clientes nesta terça-feira, 20. "As recentes medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo ministro Levy (Fazenda) devem ajudar a política monetária na tarefa de adequar o ritmo de crescimento da demanda e da oferta agregada", dizem.
O banco projeta que a Selic será elevada para 12,25% na reunião do Copom nesta semana, mas afirma que o processo de distensão em curso pode "ser menos intenso do que prevê nosso cenário base, atualmente em 13% ao ano". E vai além. "Julgamos que a probabilidade de corte de juros ainda em 2015 é crescente", afirmam os profissionais referindo-se à possibilidade de haver um programa de racionalização do consumo de energia a partir de abril. Nesse contexto, tal medida terá, na avaliação da instituição, "significativo efeito contracionista sobre a atividade econômica".
O Fibra trabalha com crescimento nulo para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, mas não descarta um número negativo, "se confirmado algum tipo de limitação do consumo de energia elétrica". "Vemos risco crescente de retração do PIB em 2015", alertaram.
Para o banco, não há no horizonte de curto prazo sinais de mudanças "no quadro de anemia pelo qual passa a economia brasileira", com "sérias limitações no lado da oferta agregada". Pelo lado da demanda, a instituição também está pessimista ao prever desaceleração no consumo das famílias, investimento das empresas e gastos do governo (em parte resultado das políticas fiscal e monetária contracionistas).