Davos – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, previu ontem que o Brasil não vai crescer neste ano, devido aos ajustes que será preciso fazer na economia. Ele admitiu, além disso, que, em algum trimestre, o nível de atividade econômica deverá cair. As afirmações foram feitas durante o Fórum Econômico Mundial, evento que reúne economistas e autoridades econômicas do mundo todo na cidade de Davos, nos Alpes suíços.
Em almoço com cerca de 80 empresários e investidores, brasileiros e estrangeiros, Levy usou o termo “flat” (plano, estável, em inglês) para avaliar o crescimento econômico do país em 2015. De acordo com relato de vários participantes, o ministro sinalizou que o ano será de ajustes, citando como exemplo o aumento de impostos anunciado na segunda-feira.
Executivos presentes ao encontro com o ministro relataram que ele demonstrou franqueza e transparência e sinalizou que vai continuar promovendo os ajustes necessários para que o país volte a crescer. “Ficou claro que ainda vem remédio amargo”, disse um dos participantes do evento, que teve ainda como palestrante o ministro da Fazenda da Colômbia, Maurício Cardenas.
Mais tarde, em entrevista à TV Bloomberg, Levy não descartou a possibilidade de retração do Produto Interno Bruto (PIB) em algum trimestre do ano, mas afirmou que a economia brasileira mostra resistência. “O PIB no Brasil é muito resiliente. Então, podemos ter um trimestre negativo, mas sem grandes consequências”, afirmou. O importante, acrescentou, é criar “uma base sólida para as contas fiscais” e recuperar a confiança dos agentes econômicos.
Petróleo
Na entrevista, Levy disse também que a queda dos preços do petróleo no mercado internacional vai estimular de forma mais rápida a recuperação de economias importantes, e que o Brasil pode se beneficiar desse processo, elevando suas exportações. O ministro da Fazenda é a mais alta autoridade brasileira no Fórum de Davos.