O comunicado sucinto do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado na noite de quarta-feira, deixa espaço aberto para dois diferentes movimentos na próxima reunião, marcada para 4 de março, na avaliação da equipe de análise econômica do banco Brasil Plural. Um desses dois caminhos alternativos indica uma desaceleração do ritmo de aperto monetário, para um novo aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros. Essa hipótese é compatível com "o ambiente deflacionário global e as suas consequências para o real" e também com a resposta que a economia dará ao "considerável aperto fiscal que está sendo implementado no Brasil", segundo os analistas da equipe do economista-chefe e sócio do Brasil Plural, Mário Mesquita, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central.
A outra possibilidade, escrevem os economistas Mesquita, Priscilla Burity e Rafael Ihara, é manter o ritmo de 0,50 ponto porcentual, que "seria uma resposta à desafiadora perspectiva sobre a inflação e que, provavelmente, será reforçada pelos dados do índice de inflação do primeiro trimestre". Os economistas ainda afirmam que "interromper o ciclo (de aumento da Selic) ou realizar um aumento de 0,75 ponto porcentual na próxima reunião parecem possibilidades simplesmente improváveis e que não estão sinalizadas nas comunicações recentes nem justificadas no cenário global".
Os economistas ainda observam que, particularmente nesse momento, a comunicação do Banco Central entre as reuniões será chave para analisar as intenções e o racional dos membros do Copom. Por ora e sob a ressalva de que aguardam a divulgação da ata do Copom no dia 29 de janeiro para compreender as motivações do comitê, a equipe do Brasil Plural espera um aumento de 0,25 ponto porcentual na reunião de março. "Entretanto, nós estamos vivendo, assim como o Copom e a maioria de outros bancos centrais, no modo altamente dependente dos dados", escrevem os analistas.