A Petrobras, envolvida em um escândalo de corrupção divulgado no âmbito da "Operação Lava-Jato", anunciou uma queda de 9,07% no lucro do terceiro trimestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013, segundo um balanço sem auditoria externa divulgado nesta quarta-feira.
O resultado, que foi adiado em duas oportunidades, é o primeiro divulgado desde que as autoridades revelaram uma rede de desvios e cobrança de subornos por contratos dentro da empresa.
No terceiro trimestre, a Petrobras ganhou 3,087 bilhões de reais, valor que é 38% inferior ao do segundo trimestre do ano. Este balanço não inclui as perdas no valor de seus ativos relacionados ao escândalo, como a empresa havia se comprometido a informar.
"A companhia entende que será necessário fazer ajustes nas demonstrações contábeis para a correção dos valores dos ativos imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos atos ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos" e outras pessoas no âmbito da Operação Lava-Jato, informou a empresa.
O mercado esperava que o valor dos ativos da Petrobras caísse entre 10 e 20 bilhões de dólares, depois que foram revisados contratos e obras relacionados à rede de corrupção. Trinta e nove pessoas, entre executivos de empreiteiras e ex-diretores da empresa, são investigados por sua suposta ligação com este caso, descoberto em março de 2014.
As principais construtoras do país, reunidas em um cartel, pagavam subornos em troca de contratos milionários. Segundo a Polícia Federal, a rede de corrupção movimentou 4 bilhões de dólares na última década. Ainda não há acusações formais contra eles, mas um dos delatores do esquema envolveu 28 políticos, vários deles próximos à presidente Dilma Rousseff, que segundo ele receberam dinheiro desviado da estatal.