A estiagem encareceu o preços em sacolões e feiras. A batata, que até cinco dias atrás custava R$ 3,99, passou a custar R$ 4,99 o quilo. O quilo do tomate aumentou em média R$ 2, passando de R$ 3,99 para R$ 5,99. O chuchu saltou de R$ 0,91 para R$ 4. O preço de um abacaxi saltou de R$ 4 para R$ 7. As verduras, além de caras, já começaram a sumir das prateleiras, porque, segundo comerciantes, estão com má qualidade. A situação, conforme especialistas, é justificada pela falta de água para irrigar plantações, o que tem causado prejuízos no campo e na cidade.
A irrigação, de acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), representa 55,98% da demanda de água no estado, mais do que o dobro do consumo humano (21,82%) e quatro vezes mais do que o uso industrial (13,34%). A área de uso de irrigação em Minas é de 600 mil hectares. Ontem, a Empresa de Assistência Têcnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater) orientou produtores a usar sistemas 50% para mais econômicos. “A grave estiagem aumentou a preocupação dos agricultores. Em muitos casos, a produção só é possível com irrigação”, afirma o coordenador técnico de irrigação e recursos hídricos da Emater, João Carlos Guimarães. Para economizar, a Emater orienta os produtores a usar sistemas de irrigação adequados para cada tipo de cultura.
“A irrigação localizada é a mais econômica. Ela é indicada na produção de hortaliças, frutas e café”, explica João Carlos. Nesse caso, pode ser de gotejamento ou microaspersão. “É feita próxima ao pé da planta, aplicando água em pequenas quantidades. No caso do gotejamento, a água é disponibilizada por mangueiras, com pequenos furos, que ficam espaçadas pela lavoura, junto às fileiras de plantas”, informa. Segundo, ele a economia chega a 50% em relação aos métodos convencionais. Já o uso de microaspersores reduz a quantidade de água utilizada entre 25% e 30%.
Mas, para o produtor adotar esse sistema, pode ser mais caro. “O método custa em média R$ 12 mil por hectare, mas compensa porque, dependendo da cultura, há rendimento de valor. O produtor, com a estiagem, tem perdido muito na produção”, afirma.
De acordo com o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e da Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Caio Coimbra, há muito desperdício. “Cada produtor tem o seu limite de uso d’água, mas o agronegócio ainda não está preparado para um racionamento”,diz.
PREJUÍZOS Com menos oferta de frutas e hortaliças no mercado, os preços estão até 60% mais caros. “O meu faturamento caiu 30%. O chuchu, por exemplo, custava para nós, há uma semana, R$ 10 a caixa com 20 quilos. Hoje (ontem), está a R$ 60. Tão caro que nem trouxe para revender aqui”, conta o feirante Carlos Magno, da Horti Fruti Catatau, no Mercado do Cruzeiro: “Nunca tinha visto isso. Tive que dispensar três funcionários e, se antes gastava R$ 20 mil comprando dos produtores, hoje gasto R$ 35 mil”.
Para a dona de casa Maria Aparecida Castro, as compras dobraram de preço. “As frutas estão caras e as verduras muito ruins também. Gastava R$ 30 e passei a gastar R$ 60”, diz. Segundo o gerente do sacolão Abastecer, Wesley Alexandre, falta qualidade: “Já não colocamos à venda couve, brócolis e coentro. Está tudo caro e ruim demais”.