A alta da alíquota de impostos da gasolina deveria resultar em aumento de R$ 0,22 no litro do combustível. Deveria. Na prática, algumas revendas alteraram os preços acima do valor autorizado pelo governo federal para as refinarias. Em Belo Horizonte, o produto teve alta 60% maior, de até R$ 0,35, no Posto SR, no Bairro Carlos Prates. O motorista que escolher abastecer nesse posto, onde o litro custa hoje R$ 3,187, terá um acréscimo de R$ 17,50 para encher um tanque de 50 litros. Com o aumento de preços, abastecer com etanol volta a ser mais econômico em alguns postos.
Enquanto algumas revendas reajustaram os preços acima do estimado pelo governo, outras optaram por subir abaixo dos R$ 0,22 referentes à mudança de alíquota do PIS e da Cofins. A redução da margem de lucro acaba por atrair maior número de consumidores. No Posto Expresso, na Avenida Tereza Cristina, o litro da gasolina subiu somente R$ 0,12, de R$ 2,76 para R$ 2,88. Com isso, as tradicionais filas de carro voltaram a se formar em busca da economia de alguns centavos. Lá é um dos raros postos a manter o litro da gasolina abaixo de R$ 3 em Belo Horizonte.
Até a semana passada, a pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostrava que o litro da gasolina era vendido por até R$ 3,09 no Posto Mauritânia, no Sion. Lá, a alta foi de R$ 0,30, passando para R$ 3,390. Em muitos outros postos, o combustível era vendido por R$ 3,19.
Com a alta da gasolina, a solução encontrada pelo taxista Márcio Coimbra é ficar mais tempo nos pontos em vez de rodar pela cidade à procura de passageiros. Por semana, ele gastava R$ 400 para abastecer o carro. Com os novos preços, para manter o ritmo de trabalho, o gasto semanal subirá R$ 17,60. Em um mês, o acréscimo chega a R$ 70,40. “Junta isso em 10, 12 meses e vê a diferença”, afirma o taxista. A conta: R$ 844,80.
Apesar de o vaivém de impostos, na teoria, impactar somente a gasolina e o diesel, algumas revendas elevaram também o valor cobrado pelo etanol. Nas demais, que alteraram o valor apenas dos derivados de petróleo, pode ser vantajoso abastecer com álcool. Na Avenida dos Andradas, o litro do etanol corresponde a 68,7% do preço da gasolina no posto Parada Obrigatória. Nem assim os consumidores têm procurado o produto. “Ninguém nem pergunta pelo álcool. As pessoas ainda estão em ritmo de férias e parece que não conferem muito o preço”, afirma o chefe de pista Valdeci Marcos.
O reajuste dos combustíveis se deve ao aumento do PIS e da Cofins, que, juntos, passam a corresponder a R$ 0,22 para o litro de gasolina e a R$ 0,15 para o de diesel. No IPCA, o item combustível para veículo tem peso de 4,9% no país. Além disso, os novos preços dos combustíveis impactam diretamente no custo do transporte, o que resulta em aumento no frete rodoviário. “É preciso ajustar as finanças. O encarecimento do transporte aumenta tudo”, afirma o servidor público, Armando Chagas.
A alta de impostos é uma das medidas adotadas pelo governo federal para aumentar a arrecadação da União ao longo do ano. Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, a alta vai resultar em acréscimo de R$ 12,2 bilhões para os cofres públicos.
• Mais etanol nos tanques
Depois de autorizar o aumento dos impostos sobre os combustíveis fósseis e sinalizar que a Petrobras terá liberdade para ajustar seus preços, o governo praticamente bateu o martelo sobre o aumento da mistura de etanol anidro à gasolina. O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, vai entregar hoje para a presidente Dilma Rousseff a proposta acordada ontem entre o governo e representantes do setor sucroalcooleiro e da indústria automotiva para o aumento do percentual do etanol na mistura da gasolina comum. Atualmente, ele está em 25% e deverá passar para 27% a partir do próximo dia 16. O combustível Premium continuará com 25% de álcool em sua composição.
A reunião para a definição do novo percentual da mistura da gasolina ocorreu na manhã de ontem no Palácio do Planalto. Empresários saíram do encontro com a certeza de que a mudança será aprovada por Dilma. “A sinalização dele (Mercadante) já foi muito positiva”, disse a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Elizabeth Farina. Na sua avaliação, essa medida ajudará a ampliar a demanda do setor em 1 bilhão de litros de etanol ao ano. “A mudança é positiva, mas ainda não implica em novos investimentos para o setor. Precisamos esperar para ver quanto tempo vai durar”, afirmou. Elizabeth garantiu que não haverá problema de abastecimento.
ENQUANTO ISSO...
...Produção no país bate recorde
A Petrobras informou ontem que bateu novo recorde de produção de derivados em suas refinarias no Brasil, em 2014, ao atingir a produção total de derivados de 2,17 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). Segundo a estatal, o volume é 45 mil barris de petróleo por dia superior ao recorde anterior, alcançado em 2013, com um aumento no ano de 2,1%. Segundo a empresa, este é o sexto recorde anual seguido, o que demonstra o crescimento da produção de derivados em patamares sustentáveis. A Petrobras destaca em comunicado que o recorde de produção total foi acompanhado por recordes de diversos produtos ao longo do ano passado, com destaque para os derivados mais consumidos pelo mercado, como a gasolina, o diesel e o querosene.
Enquanto algumas revendas reajustaram os preços acima do estimado pelo governo, outras optaram por subir abaixo dos R$ 0,22 referentes à mudança de alíquota do PIS e da Cofins. A redução da margem de lucro acaba por atrair maior número de consumidores. No Posto Expresso, na Avenida Tereza Cristina, o litro da gasolina subiu somente R$ 0,12, de R$ 2,76 para R$ 2,88. Com isso, as tradicionais filas de carro voltaram a se formar em busca da economia de alguns centavos. Lá é um dos raros postos a manter o litro da gasolina abaixo de R$ 3 em Belo Horizonte.
Até a semana passada, a pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostrava que o litro da gasolina era vendido por até R$ 3,09 no Posto Mauritânia, no Sion. Lá, a alta foi de R$ 0,30, passando para R$ 3,390. Em muitos outros postos, o combustível era vendido por R$ 3,19.
Com a alta da gasolina, a solução encontrada pelo taxista Márcio Coimbra é ficar mais tempo nos pontos em vez de rodar pela cidade à procura de passageiros. Por semana, ele gastava R$ 400 para abastecer o carro. Com os novos preços, para manter o ritmo de trabalho, o gasto semanal subirá R$ 17,60. Em um mês, o acréscimo chega a R$ 70,40. “Junta isso em 10, 12 meses e vê a diferença”, afirma o taxista. A conta: R$ 844,80.
Apesar de o vaivém de impostos, na teoria, impactar somente a gasolina e o diesel, algumas revendas elevaram também o valor cobrado pelo etanol. Nas demais, que alteraram o valor apenas dos derivados de petróleo, pode ser vantajoso abastecer com álcool. Na Avenida dos Andradas, o litro do etanol corresponde a 68,7% do preço da gasolina no posto Parada Obrigatória. Nem assim os consumidores têm procurado o produto. “Ninguém nem pergunta pelo álcool. As pessoas ainda estão em ritmo de férias e parece que não conferem muito o preço”, afirma o chefe de pista Valdeci Marcos.
O reajuste dos combustíveis se deve ao aumento do PIS e da Cofins, que, juntos, passam a corresponder a R$ 0,22 para o litro de gasolina e a R$ 0,15 para o de diesel. No IPCA, o item combustível para veículo tem peso de 4,9% no país. Além disso, os novos preços dos combustíveis impactam diretamente no custo do transporte, o que resulta em aumento no frete rodoviário. “É preciso ajustar as finanças. O encarecimento do transporte aumenta tudo”, afirma o servidor público, Armando Chagas.
A alta de impostos é uma das medidas adotadas pelo governo federal para aumentar a arrecadação da União ao longo do ano. Pelos cálculos do Ministério da Fazenda, a alta vai resultar em acréscimo de R$ 12,2 bilhões para os cofres públicos.
• Mais etanol nos tanques
Depois de autorizar o aumento dos impostos sobre os combustíveis fósseis e sinalizar que a Petrobras terá liberdade para ajustar seus preços, o governo praticamente bateu o martelo sobre o aumento da mistura de etanol anidro à gasolina. O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, vai entregar hoje para a presidente Dilma Rousseff a proposta acordada ontem entre o governo e representantes do setor sucroalcooleiro e da indústria automotiva para o aumento do percentual do etanol na mistura da gasolina comum. Atualmente, ele está em 25% e deverá passar para 27% a partir do próximo dia 16. O combustível Premium continuará com 25% de álcool em sua composição.
A reunião para a definição do novo percentual da mistura da gasolina ocorreu na manhã de ontem no Palácio do Planalto. Empresários saíram do encontro com a certeza de que a mudança será aprovada por Dilma. “A sinalização dele (Mercadante) já foi muito positiva”, disse a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Elizabeth Farina. Na sua avaliação, essa medida ajudará a ampliar a demanda do setor em 1 bilhão de litros de etanol ao ano. “A mudança é positiva, mas ainda não implica em novos investimentos para o setor. Precisamos esperar para ver quanto tempo vai durar”, afirmou. Elizabeth garantiu que não haverá problema de abastecimento.
ENQUANTO ISSO...
...Produção no país bate recorde
A Petrobras informou ontem que bateu novo recorde de produção de derivados em suas refinarias no Brasil, em 2014, ao atingir a produção total de derivados de 2,17 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). Segundo a estatal, o volume é 45 mil barris de petróleo por dia superior ao recorde anterior, alcançado em 2013, com um aumento no ano de 2,1%. Segundo a empresa, este é o sexto recorde anual seguido, o que demonstra o crescimento da produção de derivados em patamares sustentáveis. A Petrobras destaca em comunicado que o recorde de produção total foi acompanhado por recordes de diversos produtos ao longo do ano passado, com destaque para os derivados mais consumidos pelo mercado, como a gasolina, o diesel e o querosene.