Brasília – O reajuste nas bandeiras tarifárias, que será analisado hoje pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deverá aumentar o valor médio da conta média de luz das residências em quase R$ 9, a partir do próximo mês, considerando a perspectiva de manutenção dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. O sistema de bandeiras – verde, amarela e vermelha – sinaliza ao consumidor o quanto pagará a mais na fatura do mês seguinte em virtude do custo médio da geração elétrica, que encarece sempre quando o uso de usinas termelétricas é mais intenso.
Segundo os cálculos de especialistas, para manter a sinalização negativa que vigora desde o começo do ano em todo país, o valor médio pago pelos consumidores nas faturas mensais passará de R$ 65,20 para R$ 74,15. Isso porque a Aneel deverá propor que o valor da bandeira vermelha seja elevado dos atuais R$ 3 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos no mês para R$ 5,50 – um aumento de 83%. Para a bandeira amarela, a cobrança extra deverá saltar de R$ 1,50 para R$ 2,50 por 100kWh. A sinalização verde, praticamente impossível de ocorrer este ano, não altera preços de tarifa.
Uma conta hoje de R$ 65,20 sobe com a bandeira vermelha para R$ 70,09. Se a mudança for aprovada, o seu aumento com o sistema chegaria a R$ 74,15, quase R$ 9 adicionais. Na bandeira amarela, essa mesma conta subiria para R$ 67,65, alcançando R$ 69,27 com a alteração. Os valores consideram que o consumo médio residencial do brasileiro é de 163kWh, apontado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal, além da tarifa média do consumidor doméstico, de R$ 400 por megawatt-hora (MWh), conforme levantamento da Aneel.
O aumento do valor das bandeiras tarifárias acabará ajudando, em igual proporção, ao caixa das empresas de distribuição. Um mês de bandeira vermelha, o valor acrescentado à conta de luz, atualmente de R$ 800 milhões, passará para R$ 1,46 bilhão. Na bandeira amarela, a cobrança extra sairia, por sua vez, dos atuais R$ 400 milhões para R$ 666 milhões mensais.
Os analistas lembram ainda que o reajuste também deve aliviar parte do aumento previsto pelo governo via reajuste anual ordinário e da revisão extraordinária das tarifas, que podem chegar a 60% este ano. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, ressaltou ontem que o reajuste no valor da bandeira deverá ser menor que 50%, sem adiantar para quanto subiria. “Isso é papel da Aneel. Não quero fazer especulações”, justificou. Ele ressaltou que o aumento do valor a ser cobrado pela bandeira tarifária vai permitir ao governo praticar tarifas mais realistas, com “transparência absoluta sobre a questão da matriz energética e o risco hidrológico”. “A conta de luz sairá mais cara em certo mês e, no outro, pode ficar mais barata, a depender do clima”, sublinhou.