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Estado de Minas

Petrobras deve entrar 2016 sem dinheiro no cofre


postado em 06/02/2015 06:00 / atualizado em 06/02/2015 07:18

Brasília – A Petrobras vai queimar boa parte do seu caixa este ano e deve entrar 2016 sem dinheiro no cofre. A empresa começou janeiro com US$ 25 bilhões e deve terminar 2015 com uma quantia variando entre US$ 8 bilhões e U$ 12 bilhões, segundo dados da própria petroleira. Pouco para o porte e as necessidades da companhia, que segundo analistas, precisa de US$ 15 bilhões por ano para manter suas atividades. A ex-presidente Graça Foster chegou a anunciar, em comunicado, que, para evitar maiores problemas, a estatal pretende levantar US$ 3 bilhões com venda de ativos até dezembro.


Se os dados do balanço não auditado estiverem corretos, a empresa vai conseguir passar por este ano no fio da navalha, com caixa suficiente apenas para fazer frente ao que vai gastar. “Neste ano, a empresa não precisará de financiamento externo. Mas isso vai significar, também, que não terá nenhum colchão para 2016”, afirmaram, em relatório, analistas do banco Credit Suisse.

O que os especialistas apontam é que, sem reduzir investimentos e gastos, a empresa vai precisar se capitalizar. O problema é que está sem credibilidade e ainda não divulgou o balanço do terceiro trimestre de 2014 auditado, o que a impede de conseguir recursos com bancos e investidores internacionais. “Uma das alternativas é fazer uma nova emissão de ações”, destacou o analista da DX Investimentos Pedro Ivo Bittelbrunn. Mesmo que lance ações no mercado, com a desconfiança em alta por conta das denúncias de corrupção, vai atrair poucos investidores. Restará ao governo comprar os papéis, aumentando a participação da União na empresa. “Na última oferta de ações, em 2010, 70% foram compradas pelo Tesouro Nacional”, lembrou Bittelbrunn.

Para o economista-chefe da Órama, Álvaro Bandeira, lançar mais ações para o governo comprar, promovendo uma reestatização da Petrobras, será a pior solução aos olhos do mercado. “Como a privatização também é pouco provável, será mais fácil a empresa priorizar projetos de maior eficiência e retorno e reduzir os investimentos, com venda de ativos, para se capitalizar”, destacou Bandeira.

A sobrevivência da companhia está vinculada à publicação do balanço anual, até junho, com o aval da auditoria externa PriceWaterhouseCoopers (PwC). Se isso não ocorrer no prazo, cerca de US$ 60 bilhões, segundo cálculos estimados pelo banco Morgan Stanley, poderão ser cobrados antecipadamente pelos credores da companhia, abalando o já combalido caixa da petroleira.

Multas
Para complicar, a Petrobras está ameaçada de pagar multas bilionárias em função das ações judiciais movidas contra ela. Os processos dos acionistas minoritários nos Estados Unidos, que cobram indenizações pela deterioração do preço de suas ações, se multiplicaram. O advogado André de Almeida, que faz parte do processo Class Action contra a Petrobras nos EUA, ressaltou que o prazo para adesão de investidores nos processos termina hoje e que, depois que a Petrobras admitiu não saber o tamanho das perdas econômicas com a corrupção – ao não divulgar as baixas contábeis com superfaturamento e pagamento de propinas – o número de ações aumentou muito.

Advogados preveem que o caso da estatal brasileira será o mais caro da história. Até então, tinha sido o da Siemens, que pagou multas de US$ 2 bilhões, além de US$ 3 bilhões para fazer sua própria investigação. “Embora não possamos saber a extensão potencial de quaisquer sanções financeiras dos Estados Unidos, as penalidades tendem a ser maiores para as empresas não-americanas”, afirmou a agência de classificação de risco Moody’s, em relatório.

A própria Moody’s agravou o quadro da Petrobras, ao rebaixar a nota da petroleira de Baa2 para Baa3. Com isso, a empresa ficou a um passo de perder o grau de investimento. “A Petrobras vai enfrentar um aperto de liquidez se for incapaz de fazer a prestação de contas das demonstrações financeiras auditadas para os órgãos reguladores e os detentores de dívida”, explicou a agência. A Moody’s não descartou reduzir ainda mais o rating da petroleira.

 

Ações fecham em queda

 

A especulação em torno de quem será o novo presidente da Petrobras movimentou o pregão de ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). As ações da petroleira fecharam em queda e puxaram o principal índice para baixo. O Ibovespa recuou 0,14% a 49.233 pontos.

Os papéis preferenciais (PN) da Petrobras caíram abaixo dos R$ 10, depois de terem conseguido recuperar o patamar com a renúncia da presidente e de cinco diretores, na terça-feira passada. Ontem, houve recuo de 2,20%, para R$ 9,80. Na máxima do dia, chegaram a bater R$ 10,28 e na mínima, R$ 9,74. As ações ordinárias (ON) também desabaram 2,42%. Abriram cotadas a R$ 9,90 e fecharam a R$ 9,66, depois de recuarem para R$ 9,65 na mínima do dia e chegarem a bater em R$ 10,13, na máxima.

A alta volatilidade das ações da Petrobras foi resultado dos boatos sobre o possível sucessor de Graça Foster. O Conselho de Administração da estatal deve anunciar hoje os novos nomes da diretoria. Ontem, alguns conselheiros tiveram uma reunião informal para deliberar sobre os possíveis substitutos e isso deixou o mercado nervoso. Nem mesmo a alta de 5% no preço do barril de petróleo West Texas Intermediate (WTI), que provocou alta na Bolsa de Nova York, conseguiu reduzir a volatilidade dos papéis da petrolífera brasileira. A movimentação com papéis PN da Petrobras atingiu R$ 776,9 milhões ontem, com 11,71% de participação na bolsa paulista. (SK)


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