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Estado de Minas

Aluguel caro e queda nas vendas fazem lojas na Savassi fechar

Com o aumento no valor dos aluguéis e redução nas vendas, comércio fecha as portas e oferta de imóveis para locação sobe


postado em 09/02/2015 06:00 / atualizado em 09/02/2015 08:02

Na esquina da Rua Alagoas com a Avenida Getúlio Vargas faixa mostra ponto para alugar (foto: Leandro Curi/EM/D.A Press)
Na esquina da Rua Alagoas com a Avenida Getúlio Vargas faixa mostra ponto para alugar (foto: Leandro Curi/EM/D.A Press)

Vendas em baixa e aluguel em alta. A combinação de fatores em uma das regiões mais tradicionais da cidade tem resultado no fechamento de estabelecimentos comerciais. Sem conseguir negociar valores do aluguel, empresários fecham as portas e procuram novos pontos na Savassi. Com isso, dezenas de lojas podem ser vistas nos quarteirões da área com placas de “aluga-se” por longos períodos. Depois de arcar com a perda de receita, a saída é negociar. Até a gratuidade em uma mensalidade tem sido ofertada para atrair interessados.

Com o boom imobiliário, o número de construções novas na região se multiplicou. Parte das obras iniciadas em 2010 e 2011 foi entregue recentemente, o que aumentou consideravelmente a oferta, segundo a vice-presidente da CMI/Secovi-MG, Cássia Ximenez. “A Savassi foi uma das regiões mais afetadas. Aí hoje ocorre a migração”, afirma. Segundo ela, muitos empresários trocam as salas antigas por unidades novas, enquanto outros, com o encerramento dos contratos de locação, procuram por aluguéis mais baratos.

O gerente de locação da Dominus Imóveis, empresa franqueada da Rede Morar, Ari Vander, afirma que um cliente decidiu sair de um imóvel da Rua Antônio de Albuquerque, onde pagava R$ 14 mil, e conseguiu outro por R$ 9 mil. “O aluguel comercial está em queda. Os proprietários estão aceitando propostas”, afirma. Depois de um ano sem interessados, ele conseguiu fechar contrato de uma loja de 140 metros quadrados em uma galeria na Rua Paraíba. Com o imóvel parado por longo tempo, a imobiliária colocou anúncio de gratuidade no primeiro mês de contrato. “Perde um mês de pagamento, mas é melhor que ficar mais tempo pagando IPTU e condomínio”, afirma Ari. Além da “promoção”, o proprietário aceitou reduzir o valor em 17,4%. A pedida inicial era de R$ 4,6 mil, mas ele aceitou R$ 3,8 mil.

A oferta se repete em unidade de outra rua da região. Aumento da oferta permite migração para fugir de preços altos(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A oferta se repete em unidade de outra rua da região. Aumento da oferta permite migração para fugir de preços altos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O entendimento tanto de Ari quanto do diretor do conselho Savassi da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Alessandro Runcini, é que o momento econômico tem impedido novos investimentos. “Em crise, ninguém quer investir”, diz o gerente da imobiliária. Runcini considera haver dois fatores-chave para a situação específica da Savassi. “Digamos que a região ainda não deslanchou por causa de vários fatores, mas dois são essenciais: a condição da economia e o aumento dos alugueis.”

A questão dos aluguéis não é exclusividade da região, segundo Runcini. Proprietário de uma loja também no São Bento, ele observa que o bairro e a Avenida Prudente de Moraes também foram afetados. “Não é prerrogativa da Savassi”, diz. Ele também critica a alta dos aluguéis. “Aumentou tanto que afugentou os lojistas”, afirma, recordando a saída da Livraria Travessa durante as obras de revitalização da Praça Diogo de Vasconcelos e mais recentemente da Lanchonete Tia Clara, que, por quase quatro décadas, permaneceu na Rua Antônio de Albuquerque. Sobre os preços elevados, a vice-presidente da CMI/Secovi-MG, Cássia Ximenez, diz haver duas situações: proprietários que impõem valores muito acima do valor real e outros que fazem avaliação de acordo com o metro quadrado da região, sem considerar outras características da unidade. “Imóvel bom com preço justa aluga rápido. Caso contrário, tem algum problema: estado de conservação ou preço”, afirma.


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