O analista-chefe responsável por ratings soberanos da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), Moritz Kraemer, disse nesta quarta-feira, que as denúncias de corrupção na Petrobras são uma fonte de preocupação, durante teleconferência para discutir as perspectivas para o petróleo e implicações nos ratings soberanos.
"Claramente há preocupações sobre o arranjo institucional na companhia", destacou o analista, ressaltando que os problemas na empresas têm um significado mais amplo, que é indicar que os padrões institucionais e de governança permanecem um fator que seguram os ratings soberanos do Brasil. Estes padrões, disse ele, tendem a ser mais fracos em mercados emergentes e, quando algo como os problemas da Petrobras chegam ao noticiário, se entende o motivo.
Sobre os preços, a avaliação da S&P é a de que o petróleo vai continuar com preços baixos este ano, ao redor de US$ 55 o barril. Uma recuperação deve começar em 2016, quando as cotações podem ir para a casa dos US$ 65 e chegar a US$ 80 a partir de 2017, nível em que deve se estabilizar nos próximos anos.
"Não esperamos uma recuperação para acima dos US$ 100 como estávamos vendo nas cotações antes da queda", disse Kraemer. Ele também descartou valores muito baixos, como US$ 20 o barril, que chegaram a ser previstos por alguns analistas do setor nas últimas semanas.
A forte queda dos preços do petróleo já teve impacto nos ratings soberanos de 13 países exportadores da commodity e novas ações devem ser anunciadas pela S&P na sexta-feira, 13, e em março. Dos 13 países com notas revisadas desde o dia 5 de fevereiro, a agência de classificação de risco afirmou a nota de crédito e a perspectiva de cinco mercados, incluindo Malásia, Catar e Equador. Nos oito países restantes a nota foi rebaixada ou a perspectiva alterada para negativa, ou seja, sinalizando que poderá haver corte no futuro. Entre eles, Venezuela, Omã, Nigéria e Arábia Saudita.
"O impacto nos ratings depende das vulnerabilidades e da dependência do petróleo de cada país", disse Kraemer. Os países exportadores de petróleo que estão em melhores condições fiscais e de indicadores externos ou ainda não são tão dependentes da commodity não tiveram maiores consequências nos ratings, caso dos cinco países que não sofreram mudanças nas notas, disse ele. Já outros, em que o petróleo é chave para a economia, sofreram as ações negativas.
A Nigéria, por exemplo, tem 92% de suas exportações baseadas no setor de óleo e gás, de acordo com uma apresentação mostrada na conferência. Na Venezuela é de 90%, já no Equador, que teve o rating mantido e com perspectiva estável, é de 50%. Se o preço do petróleo voltar a subir com mais força, por exemplo, acima de US$ 100, algumas ações nos ratings tomadas recentemente podem ser revertidas, disse o analista.