A Polícia Federal realizou ontem mais uma operação de busca e apreensão de bens do ex-bilionário Eike Batista em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Desta vez, o iate do criador do grupo X foi levado como garantia do pagamento de investidores prejudicados com a quebra do conglomerado. A operação foi determinada pelo juiz Flávio Roberto de Souza, titular da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro, atendendo a pedido do Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ).
Na sexta-feira da semana passada, Eike teve seis carros e outros bens apreendidos em sua casa no Jardim Botânico e, em Angra, uma equipe esteve na casa do empresário para confirmação de endereço. A mansão de dois andares de empresário em Angra fica na Baía de Vila Velha, e está em nome de um dos filhos dele. Segundo vizinhos, ele costumava chegar ao local em um de seus helicópteros. Caberá à PF decidir onde a embarcação ficará sob custódia.
De acordo com o juiz Flávio Souza, a defesa de Eike ainda não recorreu da apreensão de bens do empresário realizada na última sexta-feira. Procurados, os advogados do criador do grupo X não foram localizados.
Segundo informações publicadas ontem, os policiais federais que foram a Angra dos Reis contrataram um piloto especializado para levar o iate Spirit of Brazil VIII, que foi comprado em 2006 por R$ 85 milhões. O barco tem 115 pés (35 metros), é da marca italiana Pershing, e tem quatro suítes, sala com TV de 67 polegadas e capacidade para receber até 20 convidados.
Na casa do Jardim Botânico, além dos seis carros, foram levados pela PF computadores, quadros, o telefone celular do empresário, um piano e R$ 90 mil em dinheiro, que, segundo o advogado de Eike, Sérgio Bermudes, eram usados para despesas da casa. Entre os automóveis apreendidos está um Lamborghini modelo 2012 que atinge 350 quilômetros por hora, avaliado em R$ 2,8 milhões e que decorava a sala do empresário. Está, também, no pátio da PF no Rio o Porsche Cayenne de Eike, que custa entre R$ 600 mil e R$ 700 mil.
A decisão assinada pelo juiz Flávio Roberto de Souza, que bloqueou os bens do empresáro, abrange seus dois filhos mais velhos, Thor e Olin, sua ex-mulher Luma de Oliveira e a mãe de seu terceiro filho, Flávia Sampaio. A Justiça mandou bloquear R$ 3 bilhões em ativos financeiros e imóveis dos cinco citados no processo, que teve início em novembro de 2014, quando foi realizada a primeira audiência. Há outras ações contra o criador do Grupo X, iniciadas em São Paulo, pelos crimes de insider trading, falsidade ideológica, indução do investidor a erro e formação de quadrilha ou bando.
O arresto cumprido teve entre suas motivações o mapeamento de uma série de doações feitas por Eike, que podem indicar escamoteamento de bens, segundo o juiz Souza. Segundo ele, quebras de sigilos fiscal, financeiro e bursátil revelaram que Eike, já sabendo que teria que injetar R$ 1 bilhão na antiga OGX, em dificuldades financeiras, doou seis imóveis em 2013. Ele fez doações de altas cifras a familiares. Thor recebeu R$ 137 milhões; Flávia Sampaio, mãe do filho caçula de Eike, R$ 25 milhões, e Luma de Oliveira, R$ 15 milhões.