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Estado de Minas

Motoristas tentam contornar despesas diante da alta da gasolina

Além da eventual troca da gasolina, vários cuidados com manutenção do veículo ajudam, como calibragem correta


postado em 17/02/2015 00:12 / atualizado em 17/02/2015 07:50

Motoristas preferem o etanol na hora de abastecer o veículo, por causa do alto preço da gasolina. Vanilton Cesar Santos Nascimento, 45 anos, serralheiro, gasta R$ 50 por semana com combustível (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Motoristas preferem o etanol na hora de abastecer o veículo, por causa do alto preço da gasolina. Vanilton Cesar Santos Nascimento, 45 anos, serralheiro, gasta R$ 50 por semana com combustível (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

O aumento dos preços da gasolina forçou os brasileiros a mudarem hábitos e trajetos diários. Responsáveis, em média, por quase 5% do orçamento das famílias, os combustíveis ganham um peso ainda maior em um momento de inflação alta e incertezas quanto aos rumos da economia. Decisões simples no dia a dia podem ajudar a amenizar o impacto dos recentes reajustes. Vale a pena o esforço para encher menos o tanque, sustenta Edward Cláudio Júnior, diretor da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin). “Tudo o que pode ser feito deve ser feito”, enfatiza, como um mantra para estimular as pequenas economias.

Deixar o carro na garagem e ir à padaria caminhando faz bem ao bolso e à saúde, sugere Edward. Optar pelo transporte público — nos lugares em que isso é possível — leva à economia de combustível e, de quebra, de estacionamento, item que no acumulado de 12 meses registrou aumento de 10,12% na média do país, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, indicador da inflação oficial do país.


Na hora do lanche ou do passeio fora de casa — quando o orçamento permitir —, a dica é priorizar destinos mais próximos e, antes de dar a partida no veículo, planejar o roteiro para evitar percursos desnecessários. “Buscar a namorada em casa virou declaração de amor”, brinca. Em Belo Horizonte, a gasolina encareceu 9,73% entre 7 de janeiro

e 3 deste mês, de acordo com levantamento feito pelo site de pesquisas Mercado Mineiro. O preço do litro do combustível subiu de R$ 2,939 para R$ 3,225 no período analisado. O taxista Fábio Ribeiro Gomes, de 40 anos, afirma que sempre faz as contas para saber se compensa abastecer o carro com álcool.

Nos últimos 10 dias, a conta pesou para o lado do álcool, que está sendo vendido a R$ 2,11 e Fábio mudou o hábito de consumo. “Gasto em torno de R$ 280 por semana completando com álcool. Se estivesse ainda abastecendo com a gasolina, gastaria 50% a mais e isso pesa, principalmente para quem tem o carro como instrumento de trabalho”, afirma. Segundo ele, a margem do rendimento no trabalho foi reduzida. “Só temos um reajuste por ano e não podemos alterar o preço da bandeirada toda vez que o preço da gasolina sobe. Não sei como vamos fazer se houver mais reajustes como este último”, afirma.

O serralheiro Vonilton César Santos Nascimento também se adaptou à alta dos combustíveis. Depois do aumento, que chegou às bombas em 1º de fevereiro, ele passou a se locomover, com mais frequência, de ônibus, deixando o carro na garagem. Os gastos com combustível, que alcançavam R$ 80 por semana, passaram a R$ 50, ainda que com a ajuda da mudança do combustível para o álcool. “Se os reajustes continuarem nessas proporções, vou acabar deixando o carro sempre na garagem. Nosso salário não está acompanhando a inflação desses itens, nem mesmo dos produtos de necessidade básica. Está cada vez mais difícil sustentar a casa sem se endividar”, ressalta ele, que deve rever e cortar outros gastos da família como o lazer.

Há cuidados com o carro que podem, sim, ajudar a amenizar os gastos (veja quadro). Manter os pneus calibrados corretamente e ponderar o uso excessivo do ar-condicionado, por exemplo, levam o carro a demandar menos combustível, explica o consultor automotivo Marcus Romaro. “Sustentar uma velocidade média, sem acelerações ou freadas bruscas também ajuda”, emenda.

Diante do cenário da economia, os salários não acompanharão, no médio prazo, o fôlego dos aumentos de preços no Brasil, na opinião do educador financeiro Edward Cláudio Júnior. “Por mais que seja difícil para muitas famílias, o momento é de economizar e abrir mão de confortos. Estamos apenas no começo de um complicado processo de ajustes.”

Aliviando o bolso
Com o preço dos combustíveis em alta, veja algumas dicas para economizar

- Se possível, deixe o carro na garagem alguns dias da semana, optando pelo transporte público

- Proponha aos colegas do trabalho que morem perto de você a tática da “carona solidária” e rateiem a gasolina. Organizar o trajeto antes de sair de casa também pode evitar caminhos mais longos
e desnecessários

- Mantenha os pneus do carro sempre calibrados. O procedimento deve ser feito, no máximo, a cada 15 dias. Os pneus podem ser responsáveis por até 20% do consumo. Automóvel alinhado também economiza combustível

- Em caso de veículos de câmbio manual, respeite a troca de marcha, de acordo com a velocidade correspondente

- Carro mais carregado exige maior aceleração e, portanto, gasta mais combustível. Dê uma olhada em objetos deixados no veículo, principalmente no porta-malas,  cheque se eles não podem ser retirados

- O ar-condicionado ligado aumenta, em média, 20% o consumo do veículo

- Não há necessidade de aquecer  o carro antes de tirá-lo da garagem. Evite aceleradas bruscas, por exemplo, quando o
semáforo fica verde  troca das velas e dos filtros  devem ser feitas conforme recomenda a montadora

Fontes: educadores financeiros e consultores automotivos


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