Usiminas garante lucro com energia

A Usiminas, maior produtora brasileira de aços planos, obteve lucro líquido de R$ 208 milhões em 2014, ante um modesto ganho de R$ 17 milhões no ano anterior. O resultado no azul foi motivado, de acordo com a empresa, pela estratégia adotada de vender o excedente da energia produzida em geração própria. Assim, ela se aproveitou dos altos preços do insumo, em meio à crise no setor elétrico.

No quarto trimestre de 2014, no entanto, com a desvalorização do real frente ao dólar e a expressiva redução na demanda de aços planos no Brasil, a siderúrgica registrou prejuízo líquido de R$ 117 milhões, segundo resultado trimestral negativo. A companhia apresentou perdas de R$ 24 milhões de julho a setembro de 2014, quando a destituição do então presidente Julián Eguren e dos vice-presidentes Marcelo Chara e Paolo Bassetti deixou clara a disputa entre os acionistas do bloco de controle da siderúrgica, o grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo e a Ternium, do conglomerado argentino Techint.

No ano passado, a Usiminas enfrentou queda de 10,9% das vendas, que somaram 5,5 milhões de toneladas, frente às 6,2 milhões de toneladas no ano anterior. Ainda no período, em baixa, o mercado doméstico representou 83% da comercialização, enquanto as exportações, que vinham crescendo, representaram 17% do total.

No último trimestre de 2014, as vendas caíram 11% no comparativo com o terceiro trimestre, influenciadas principalmente pela queda de 28,1% nos embarques ao exterior. Isso ocorreu devido à retração de preços no mercado internacional.

A receita líquida da companhia foi de R$ 2,585 bilhões de outubro a dezembro, 19% menor na comparação com o mesmo período de 2013.

Os números impactaram a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do último trimestre do ano. O indicador fechou o período em R$ 301,8 milhões, 15,3% menor que o registrado de julho a setembro. No acumulado do ano o Ebitda teve alta de 3,1%, fechando em R$ 1,86 bilhão.

A estimativa da Usiminas é de que o consumo de aços planos tenha caído aproximadamente 13% no Brasil no quarto trimestre em relação ao terceiro. A queda foi ainda mais acentuada sobre o quarto trimestre de 2013, de 18%. O intenso recuo dos preços do minério de ferro impactou no resultado da subsidiária Mineração Usiminas. A produção de ferro diminuiu 6,9%.

Ações e dividendos Como reação ao balanço do quarto trimestre, as ações ordinárias da siderúrgica (USIM3) fecharam o pregão de ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em queda de 3,14%, enquanto as preferenciais (USIM5), com direito a recebimento de dividendos, tiveram alta de 4,17%. No encerramento das negociações do dia, as ações ordinárias foram cotadas a R$ 20,34, enquanto as preferenciais a R$ 3,75. O movimento dos papeis está associado ao fato de o conselho de administração da companhia ter reprovado, na semana passada, a proposta de pagamento de dividendos aos acionistas.

Em reunião na noite de anteontem, o conselho da Usiminas definiu proposta, que antes deverá ser analisada em assembleia geral, para pagamento dos dividendos em 26 de junho. Os resultados do quarto trimestre serão apresentados, amanhã, ao meio-dia, em conferência com investidores.